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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Eleições e espiritualidade

 Marcelo Barros


Há menos de um mês das eleições para presidente da República, governadores dos Estados, senadores e deputados, um fator que todos sabem que terá grande peso será a questão religiosa. Infelizmente, a fé e a espiritualidade estão sendo usadas de forma desonesta e não para tornar o mundo melhor e mais justo e amoroso. Conforme o evangelho, Jesus denunciou como errados os fariseus e doutores da lei que se achavam de Deus e desprezavam os outros. Grupos religiosos tradicionalistas, padres católicos e pastores evangélicos ou pentecostais que apregoam notícias falsas, provocam medo nas pessoas e inventam perigos que não existem não têm nada a ver com Jesus e o seu evangelho. Há  ministros desonestos que afirmam publicamente que se Lula ganhar, vai fechar Igrejas. Ao lado disso, a atual mulher do presidente da República convoca evangélicos para um jejum para pedir a Deus a vitória contra o inimigo como se a campanha eleitoral fosse um combate entre crentes e ateus.

Ao contrário desse procedimento desonesto, nestes dias, uma carta aberta ao povo brasileiro, assinada por centenas de padres de todo o país pede que não permitamos que o nome de Deus seja usado para interesses partidários e eleitorais. É preciso sempre lembrar que Jesus afirmou: “Não são as pessoas que ficam gritando Senhor, Senhor que entram no reino dos céus e sim as pessoas que fazem a vontade do Pai que está nos céus” (Mt 7, 21).

De fato, a  Política não deve depender de padres e pastores. A espiritualidade deve influir na Política de modo positivo: ao valorizar o compromisso político com o bem comum e a proteção da vida na natureza e da justiça para todas as pessoas, principalmente as mais vulneráveis. Ama a Deus quem testemunha que Deus é Amor e inclusão. O deus que favorece amigos e abandona a outros não é o Deus de Jesus. É um ídolo.

Na primeira metade do século XX, Simone Weil, espiritual francesa afirmava: “Eu reconheço quem é de Deus não por falar de Deus e sim pelo seu modo de viver e de se relacionar com as outras pessoas”. 

 Quem é de Deus deve colaborar para construir uma sociedade mais justa e não favorecer quem prega ódio e intolerância. Quem favorece armas e violência não tem nada a ver com Deus. O evangelho diz que devemos julgar as pessoas e partidos conforme a prática e pelos seus resultados. “Pelos frutos bons, vocês podem discernir que a árvore é boa, assim como pelos maus frutos, verão que uma árvore é má. Pelos frutos, vocês podem discernir se a árvore é boa ou má” (Mt 7, 18). 

 

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