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sábado, 17 de dezembro de 2022

“MINHA SENHORA DONA, UM MENINO NASCEU E O MUNDO TORNOU A COMEÇAR”




João Guimarães Rosa, no livro "Grande Sertão Veredas)

Reflexão de Natal para EDUCADORES


Luis Moura


Chegou para nós um tempo muito esperado; para educadores, porque as atividades escolares já sinalizam um fim de semestre muito desejado; agora longe da academia, refazemos as forças, as ideias e renovamos propostas; a isso chamamos de tempo propício. Oh! Bem-aventurado tempo propício! Para educadores cristãos, o tempo é de Natal: ‘um menino nasceu e o mundo tornou a começar’. Natal é festa de aniversário de alguém muito especial. Festa de aniversário é universal; todos fazem no tamanho de suas possibilidades, mas fazem. No Brasil ainda existem pessoas (minha prima por exemplo) que não sabem o dia em que nasceu, quantos anos têm e por isso não celebram seu aniversário natalício; mas sabem que no dia 25 de dezembro se comemora o nascimento de um Deus que se faz pessoa; se faz gente como a gente e assume a condição de ‘carne viva e sofredora’. Quando a festa é grande e importante, tem tempo de preparação; conhecemos uma expressão que se parece mais com um ditado que diz: o melhor da festa é esperar por ela. Assim, a quaresma é o tempo de espera e preparação para a grande festa da Páscoa e o Advento é o tempo destinado aos cristãos de se prepararem bem para a festa da chegada de Deus em forma de uma criança entre nós. “Menino Deus (...) por um momento haverá mais futuro do que jamais houve; dando sentido aos mundos, aos corações sentimentos profundos de terna alegria, no dia do Menino Deus” (Menino Deus – Caetano Veloso). A preparação da festa do menino Deus começa um mês antes de sua celebração oficial mas o comércio, muito vivo, dá início logo após o dia das crianças em outubro; o foco não é a criança divina mas o dinheiro; de importante fica a seta que aponta para a festa que vai chegar. Maria, a mãe do menino, era pobre mas o povo a enfeitou feito uma rainha. Quem não gosta de ver sua mãe toda bela? Assim também o menino que nasce, é muito pobre mas a comemoração de seu aniversário é rodeado de luzes, cores e enfeites diversos; é que a criança aniversariante é mais que um simples de nós; é Deus mesmo que arma sua tenda entre nós. Natal não é uma festa que aconteceu no passado e que a gente tem saudade. Natal é todo dia. Todo nascimento ou todo natal é sempre explosão de vida nova. Celebrar o Natal é sempre um convite à renovação. Natal é uma festa revolucionária porque nos incentiva à mobilização, vida nova, transformação e mudança de mentalidade; como diz Caetano: ‘haverá mais futuro do que jamais houve’. A sociedade não quer mudança; prefere assegurar seus privilégios por isso prefere papai Noel; o projeto de Jesus é exigente. Ficam esses questionamentos: em que, em nossas atividades de educadores, há necessidade de mudança de mentalidade e vida nova? Como, a partir do Natal ser um novo educador em uma instituição que se renova?

 

Luiz Moura – Comissão de Pastoral da educação da Arquidiocese de Olinda e Recife

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