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sábado, 12 de março de 2022

O lixo ocidental imperialista

 Prof. Martinho Condini


Em 1985 Eduardo Galeano lançou a obra Espelhos – uma história quase universal, onde ele analisa a história da humanidade – de sua origem aos dias de hoje – sob o olhar dos desvalidos, dos esquecidos da história oficial. O livro traz um inquietante panorama de acontecimentos e de transformações do mundo, misturando o passado e o presente. São quase seiscentas histórias breves onde viajamos através do tempo, sem limites, e de mapas, sem  fronteiras. Apesar desse livro ter sido escrito há trinta e sete anos,  nos dias de hoje ele nos remete há muitas reflexões, sobre a história mundial e por consequência a nossa realidade  brasileira. É uma pena que tão poucas pessoas tenham feito essa leitura, que a meu ver seria   primordial para a nossa sociedade nos dias atuais.

Mas confesso a vocês que o que me remeteu à lembrança deste livro, foi uma mensagem que recebi no “uotesap” com fragmentos dessa obra,  que compartilho com vocês.

“Este livro foi escrito para que eles não se percam.

Nestas páginas se unem o passado e o presente.

Os mortos renascem, os anônimos têm nomes:

os homens que construíram os palácios e templos de seus amos;

as mulheres, ignoradas por aqueles que ignoram os próprios temores;

o sul e o oriente do mundo, desprezados por aqueles que desprezam as

próprias ignorâncias;

os muitos mundos que o mundo contém e esconde;

os pensadores e sentidores;

os curiosos, condenados a perguntar, e os rebeldes e os perdedores e os

loucos lindos têm sido e são o sal da terra.”

 

Acredito que valha a pena, parar e refletir sobre esse trecho, e cada um de nós percebermos para quem, e com que intuito Galeano escreveu essa obra, afinal de contas, na maioria das vezes só conseguimos ouvir a versão dos poderosos e vencedores.

 

Abaixo o outro fragmento:

 

“Os amigos de Adolf Hitler têm má memória, mas a aventura nazi não teria sido possível sem a ajuda que deles recebeu.

Como seus colegas Mussolini e Franco, Hitler contou com o precoce beneplácito da Igreja Católica.

Hugo Boss vestiu seu exército.

Bertelsmann publicou as obras que instruíram seus oficiais.

Seus aviões voavam graças ao combustível da Standard Oil [hoje Exxon e Chevron], seus soldados viajavam em caminhões e jeeps da marca Ford.

Henry Ford, criador desses veículos e do livro O judeu internacional, foi sua musa inspiradora. Hitler agradeceu por tudo condecorando-o.

Também condecorou o presidente da IBM, a empresa que tornou possível a identificação dos judeus.

A Rocckefeller  Foundation financiou investigações raciais e racistas da medicina nazi.

Joe Kennedy, pai do presidente, era embaixador dos Estados Unidos em Londres, porém mais parecia embaixador da Alemanha. E Prescott Bush, pai e avô de presidentes, foi colaborador de Fritz Thyssen, quem pôs sua fortuna à disposição de Hitler.

O Deutsche Bank financiou a construção do campo de concentração de Auschwitz. O consórcio IGFarben, o gigante da indústria química alemã, que depois passou a se chamar Bayer, Basf ou Hoechst, usava como ratos de laboratório os prisioneiros dos campos, e além disso os usava como mão de obra. Estes operários escravos produziam de tudo, incluindo o gás que iam mata-los. Os prisioneiros trabalhavam também para outras empresas, como Krupp, Thyssen, Siemens, Vasrta, Bosch, Daimler Benz, Wolkswagem e BMW, que eram a base econômica dos delírios Nazis. Os bancos suíços ganharam uma nota preta comprando de Hitler o ouro de suas vítimas: suas jóias  e seus dentes. O ouro entrava na Suíça com assombrosa facilidade, enquanto a fronteira estava completamente fechada para os fugitivos de carne e osso.

A Coca-cola inventou a Fanta para o mercado alemão em plena guerra. Nesse período, também a Unilever, Westinghouse  e General Eletric multiplicaram ali seus investimentos e sua ganâncias.

Quando a guerra terminou, a empresa ITT recebeu uma milionária indenização porque os bombardeios aliados haviam danificado suas fábricas na Alemanha”.  

 

O imperialismo capitalista ocidental não tem limites para conseguir atingir os seus interesses políticos e econômicos.

Se fizermos uma analogia com o nosso Brasil dos últimos anos, perceberemos que chegamos a essa condição por meio de um projeto político, como muitos já mencionaram, onde muitas mãos e cabeças ajudaram a construir o governo de um simpatizante do nazifascismo.

Não venham atribuir a Pandemia ou guerras externas, o fosso ao qual nos encontramos, há responsáveis por estarmos nessas condições sim, todos aqueles que acreditaram nesse governo de hipócritas e maus caráteres que estão nos levando a pior condição econômica e social da nossa história republicana.

Então, cabe agora à todas e todos os cidadãos brasileiros de bom senso contribuir para retirarmos o Brasil desse atoleiro de ignorância, truculência e incompetência que nos aflige, pois todos dias somos surpreendidos com alguma atitude no mínimo desagradável dessa cambada de sevandijas.

O que nos resta é não perder a nossa capacidade de indignar-se e nem o esperançar de que podemos ser feliz de novo e ter um país digno Para Todos.  

 

*O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros ‘Dom Helder Camara um modelo de esperança’, ‘Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo’, ‘Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire’ e o DVD ‘ Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro ‘Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza’. Contato profcondini@g

    

 

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