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sábado, 21 de agosto de 2021

FREIRIANOS(AS) E FREIREANOS(AS)!

 Prof. Martinho Condini


 

Estamos celebrando este ano o centenário do educador Paulo Freire (1921-2021),  patrono da Educação Brasileira, título esse concedido por meio do projeto de Lei de autoria da Deputada Federal Luiza Erundina e certificado pela presidenta Dilma Rousseff em 2012.

         Diante das comemorações do centenário muitos trabalhos de pesquisa, artigos e livros estão sendo publicados por pesquisadores(ras), estudiosos(as) e escritores(ras) que utilizam em seus escritos as expressões freiriano(a) com “i” ou freireano(a) com “e”.

         O Prof. José Eustáquio Romão e outros pesquisadores(as)  freirianos(as) justificam a utilização da expressão freiriano(a) com “i” a partir de três informações:

- Os gramáticos afirmam que “os sufixos são regrados de sentido, e por isso, são invariáveis; então na junção entre Freire e iano, deve-se permanecer o sufixo inalterado e suprir a vogal repetida. Logo o denominativo daquilo que é ou se refere a Freire, deve ser freiriano.

- As filhas e filho de Freire afirmam que Freire não gostaria que as coisas relativas a si infringissem a língua portuguesa que ele amava (Freire foi professor de língua portuguesa no Colégio Osvaldo Cruz em Recife – sua primeira experiência docente).

- A utilização de freiriano(a) com “i” é pelo fato de Freire ter criado tantos neologismos em suas obras e jamais ter infringido as regras gramaticais da nossa língua.

         Os pesquisadores(as), estudiosos(as) e escritores (as) freireanos (as), também têm as suas justificativas sobre a utilização da expressão freireano (a) com “e”, e essas variam entre eles (as), dentre elas podemos citar:

- A expressão freireano (a) com “e”, fortalece e engrandece ainda mais o sobrenome Freire que está diretamente ligado a sua história e ao seu legado.

- Sua utilização é uma ação política, subversiva e libertadora, que demonstra o lugar de fala daquele que a utiliza e como estes vêem e atuam com a práxis freireana.

- É uma expressão agradável com uma sonoridade e boniteza ímpar.     

         Estou convencido que as escolhas das expressões freiriano(as) ou freireano(as) na verdade estão diretamente relacionadas à história e trajetória de vida, à formação profissional e intelectual, à leitura de mundo ou à preferência estética de cada um(a). Por isso cada um(a) têm o direito de utilizar a expressão que lhe é mais confortável e mais lhe agrada em seu texto, artigo, livro, dissertação, tese ou em suas falas em sala de aula ou palestras.

         Acredito que independente da regra gramatical, da informação da família, do rigor dos neologismos, do fortalecimento do sobrenome, da questão política, da sonoridade e da boniteza, pode utilizar qualquer uma das duas expressões sem medo de ser feliz.

         Enfim, o que importa é que companheiros e companheiras freirianos (as) e freireanos (as) permaneçam motivados(as), envolvidos(as), fortalecidos(as) e irmanados(as) em diversas homenagens organizadas no Brasil e no mundo através de universidades, cátedras, institutos, coletivos e Cafés com Paulo Freire, cada um à sua maneira, afim de não só perpetuar a obra e o legado de Paulo Freire, mas principalmente praticar o que o mestre nos recomendou, “não me copiem, me reinventem”.

 

Voa Paulo Freire!!!!!!!!!!!!!

* O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com 

4 comentários:

  1. Excelente texto professor! Um abraço!

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  2. Que homenagem bonita! A expressão que importa é aquela que melhor traduz essa grande personalidade, nosso querido Paulo Freire!

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  3. Maravilha professor! A língua está viva! Recomendarei efusivamente seu texto! abraços gratos, freireanos e freirianos!

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