O Jornal On Line O PORTA-VOZ surgiu para ser o espaço onde qualquer pessoa possa publicar seu texto, independentemente de ser escritor, jornalista ou poeta profissional. É o espaço dos famosos e dos anônimos. É o espaço de quem tem alguma coisa a dizer.

sábado, 28 de agosto de 2021

PROTAGONISTA JAMAIS...ALIADO SEMPRE

 


Prof. Martinho Condini

        Algumas pessoas defendem a ideia que não se deva misturar esporte com protestos sociais ou políticos, partindo do princípio que o esporte é algo para as pessoas se divertirem.

         Porém, o esporte é algo que não esta separado da vida real a qual todos nós estamos envolvidos. Viver é uma ação política. Acredito que o esporte em vários momentos foi utilizado como instrumento ideológico, principalmente em regimes autoritários.

         Mas também é verdadeiro que atletas que ao longo da história se engajaram em movimentos de protestos por causas nobres, como por exemplo a luta contra o racismo, o preconceito e a violência contra negros e negras. Esse ativismo desses atletas ficaram marcados na marcados na história das suas modalidades, agremiações e do seu país.  A atitudes desses atletas prova que o esporte não só entretenimento, mas atitude diante das injustiças.

         Os jogos olímpicos em Berlim em 1936 serviram para o regime nazista de Adolf Hitler tentar provar ao mundo a superioridade da raça ariana em relação às demais – crença sustentada pela ideologia nazista.

         Mas o norte americano negro Jesse Owens, atleta dos 100 e 200 metros rasos, salto em distância e revezamento 4×100 metros, garantiu quatro medalhas de  outro para os americanos. Owens derrotou o atleta alemão Luz Long, grande esperança no salto em distância. Apesar de não se tratar de nenhuma manifestação política específica, a gloriosa vitória de Owens acabou por frustrar as intenções dos nazistas de tornar os Jogos em um grande símbolo de seu regime.

         Em 1968, nos jogos olímpicos da cidade do México os atletas negros norte-americanos Tommie Smith e John Carlos protagonizaram uma das cenas mais emblemáticas da história dos jogos olímpicos. Ao subirem ao pódio e receberem as medalhas de ouro e bronze na prova dos 200 metros rasos, ao tocar o hino do seu país baixaram a cabeça e ergueram o punho usando luvas pretas, saudação dos Panteras Negras (organização política socialista e revolucionária estadunidense). Um gesto de protesto contra o racismo, o preconceito e a violência contra os negros nos Estados Unidos.Lembrando que na década em que ocorreram os jogos olímpicos no México os líderes negros Malcom X e o pastor protestante Martin Luther King foram assassinados.

         Nesta mesma década, o pugilista negro Cassius Clay (que posteriormente mudou o seu nome para Mohammed Ali) campeão olímpico e mundial de boxe perdeu seu cinturão por se negar a ir lutar na Guerra do Vietnã (1955-1975). Mohammed Ali sempre foi uma voz importante na luta contra a violência a comunidade negra norte-americana.

         Em 2016 Colin Kaepernick, jogador de futebol americano, iniciou um grande protesto nos Estados Unidos ao ajoelhar-se no momento do hino americano, para mostrar o seu descontentamento em relação ao assassinato de cidadãos negros. Sua atitude inspirou outros jogadores, que passaram a ter o mesmo gesto. Até de outras ligas, como os astros da NBA Stephen Curry e Carmelo Anthony. Na época o então presidente Barack Obama, endossou a atitude. Naquela época, já havia a campanha "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), que hoje espalhou-se pelo mundo.

         Em 2020 os jogadores de basquete negros e brancos do Milwakee Bucks boicotaram as partidas dos playoffs da NBA, em protesto pelo assassinato de um cidadão negro, George Floyd, por um policial branco. 

         Um dos astros do basquete norte americano, o negro Lebron James do Los Angeles Lakers frequentemente utilizou as quadras como espaço do movimento ativista afro americano Black Lives Mater.

         E nos últimos jogos olímpicos na cidade de Tóquio, a atleta americana, a negra  Raveb Saunders medalhista de prata no arremesso, após receber a medalha levantou os braços e cruzou os punhos sobre a cabeça como um gesto de apoio e solidariedade em favor dos oprimidos espalhados pelo mundo.

         Enfim, diante dessas atitudes tão significativas só me resta reverenciá-los e dizer que jamais serei um protagonista nessa luta...aliado sempre!


 O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com         

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário