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sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Dom da Vida


por REJANE MENEZES


Há 104 anos atrás, num Domingo de fevereiro, dia 07  para ser mais precisa, o mundo não sabia ainda, mais estava recebendo um presente: nascia o menino Helder.
Ninguém poderia imaginar, nem mesmo a sua família, que aquele menino de aparência tão frágil, fosse se tornar um gigante, se não em estatura física, com certeza, em estatura espiritual.
Helder, Padre Helder, Dom Helder Camara, Dom Helder, ou simplesmente, DOM. Não importa como o chamem, seu nome estará ligado para sempre aos grandes passos da Igreja Católica do século XX. Com ele, a Igreja caminhou em direção aos menos favorecidos, aos oprimidos, ficando assim, ainda mais próxima de Jesus Cristo.
Poderia citar inúmeros lugares no mundo que são privilegiados por sua beleza natural, por seu desenvolvimento social ou econômico. Escolho três: O Ceará, o Rio e Janeiro e Pernambuco. O primeiro por ter sido o estado onde nasceu Helder. O segundo, por ter sido o lugar onde o Pe. Helder pode realizar seus primeiros projetos na área social e o terceiro, por tê-lo como arcebispo, por 30 anos e mais ainda, por  tê-lo como arcebispo emérito até o dia de sua partida para a casa do Pai.
Homem de visão além de seu século, rumava ao terceiro milênio com a serenidade dos sábios e a grandeza dos profetas. Por onde passava, deixava as marcas de seus pequenos passos, que percorreram todo o mundo, clamando por justiça e paz.
Mestre de tantos expoentes, não apenas da Igreja Católica, mas também fora dela, chegou aos 90 anos cercado dos amigos, dos irmãos, que amealhou com seu jeito tímido para receber homenagens, mas desinibido e fervoroso, para defender as vítimas da fome, da miséria, da violência, da opressão, para defender enfim, a igreja de Jesus Cristo.
Abençoado seja o papa Paulo VI  por, em tempo, ter nomeado Dom Helder  arcebispo de Olinda e Recife, mudando a decisão de enviá-lo a São Luiz do Maranhão ( os maranhenses que me perdoem o egoísmo).
A CNB, a Campanha da Fraternidade e o CELAM, talvez não existissem hoje, se  Dom Helder não tivesse optado em ser padre. O Concílio Ecumênico, com certeza, teria uma cara diferente, se não fosse a sua presença constante, não nas salas de discussão, mas nos bastidores, alinhavando , ponto por ponto, os seus avanços.
Encontro de Irmãos, Operação Esperança, SERENE, ITER, CEBs, SEDIPO, Comissão de Justiça e Paz e Obras de Frei Francisco : uns não teriam existido, outros não teriam passado pela experiência evangélica a que foram submetidos, se por aqui, não houvesse passado o arcebispo que um dia, duas crianças compararam a E.T., à saída do filme, quando disseram que gostaram do extraterrestre “por ele ser feio e bonzinho como o senhor”.
Tive a alegria e o privilégio de conhecê-lo pessoalmente e conviver um pouco com ele. Tive ainda a honra de participar da organização dos festejos de seus 90 anos e, dez anos  depois, da preparação da celebração de seu centenário.
Sua humildade, seu jeito leve de viver a vida, a sua sabedoria, continuam vivos, não apenas nos escritos que deixou, mas, sobretudo pelo exemplo de vida, gravado na memória de todos que com ele conviveram.
São 104 anos de uma vida que, com a mais absoluta certeza, não foi vivida em vão.

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