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sábado, 8 de janeiro de 2022

Martin Luther King e Silas Malafaia: Oi????

 



Prof. Martinho Condini

As religiões, ocidentais ou orientais tem em suas composições várias alas, grupos ou tendências, e as pessoas que as frequentam pertencem a diferenciadas classes sociais.

Seguindo essa lógica, afirmo que no Brasil o movimento evangélico é plural. E por causa desse pluralismo, temos a ala defensora do extremismo evangélico. Seus membros denominam-se terrivelmente evangélicos e são fanáticos apoiadores desse desgoverno genocida. Mas temos também outros grupos no movimento evangélico, progressistas conscientes em relação ao atual contexto político e social em que estamos inseridos e uma criticidade sobre a atualidade.

Entretanto, o extremismo evangélico é uma ameaça à nossa democracia, aos direitos humanos e as diversidades culturais, bem como um perigo para às mulheres, negros, indígenas e às comunidades LGBTQA+. Além do que apoiam a utilização de armas pela população, talvez tenham essa atitude em nome de Jesus ou com a permissão divina, quem sabe?

Este extremismo evangélico não está aí por acaso, ele tem poder político, econômico, midiático e um projeto de governo para o Brasil. Talvez não estejam sozinhos nessa empreitada, e podem estar muito bem acompanhados de outros grupos políticos e religiosos da nossa sociedade.

Essas informações me levam a concluir que o conservadorismo no Brasil nasceu com o extremismo evangélico dos terrivelmente evangélicos, pois até então em nosso país prevaleciam as ideias e práticas progressistas. Esta seria uma conclusão muito inocente e burra de minha parte, imaginar que as desgraças brasileiras começaram a partir do aparecimento dos evangélicos em nossa história.

É sempre muito importante lembrar que “o berço da nossa história foi a escravidão”, como sabiamente afirmou o sociólogo Jessé Sousa em sua obra ‘A elite do atraso’. Acrescento à afirmação de Jessé, que a nossa história e a formação da nossa sociedade foi forjada e estruturada na escravidão racista e genocida comandada pela elite branca colonialista judaico-cristã burguesa capitalista. É esse arcabouço que faz com que a supremacia branca comande a política e a economia do Brasil há séculos, e também imponha os seus valores culturais a nossa sociedade.

Na construção do nosso conservadorismo histórico, do racismo estrutural e da democracia política e social capitalista “mequetrefe” temos muitos responsáveis, inclusive o movimento extremista evangélico, que podemos considerar, hoje, um dos principais protagonistas desse projeto de poder e de sustentação ao desgoverno genocida e corrupto composto pela escória da nossa política.    

Porém, se o movimento evangélico que há 30 ou 40 anos no Brasil não significava absolutamente quase nada e sua representatividade na sociedade era praticamente nula, é impossível que ele seja o responsável sozinho, pelo conservadorismo, negacionismo, racismo estrutural e pela ignorância e estupidez que a tempo não se via tão aflorada em nossa sociedade. Mas é claro que ele faz parte e está integramente dentre desse vil processo.   

Assim sendo, o tradicional conservadorismo brasileiro nutre-se do atual extremismo evangélico, e o atual extremismo evangélico bebe na fonte do tradicional conservadorismo brasileiro. Ambos são perigosíssimos, porque se alimentam das violências históricas que assolaram e assolam o Brasil até hoje.  

Por isso, é importante que a militância progressista dialogue com os terrivelmente evangélicos e evangélicas ou não, que em sua maioria são pobres, negros, periféricos, favelados e trabalhadores, ou seja, as principais vítimas desse projeto nefasto para o nosso país, que o movimento extremista evangélico defende com unhas e dentes. Essas pessoas precisam compreender o jogo que está sendo jogado desde o golpe de 2016, que está levando o Brasil a ruína.

A elite conservadora brasileira (que está no poder há mais cinco séculos) em parceria com os “Bispos Midiáticos terrivelmente evangélicos” tem um projeto de destruição e barbárie em relação a educação, a ciência, a cultura, ao meio ambiente, a economia e a soberania nacional, como estamos vendo nos últimos anos.

Se quisermos reconstruir um Brasil com uma democracia verdadeiramente participativa, representativa e socialmente justa, teremos que separar todo o joio do trigo.

Enfim, Martin Luther King e Silas Malafaia podem até navegar no mesmo oceano, mas suas embarcações remarão sempre em direções totalmente opostas.

O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com

 

 

 

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