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sábado, 29 de janeiro de 2022

“A gente somos inútil”

 

 

Prof. Martinho Condini


 

Quando revisamos a história do Brasil e verificamos a atuação das forças armadas, constatamos que, nada fizeram de útil, produtivo e relevante para a sociedade brasileira. Afinal de contas a história mostra as suas “brilhantes atuações”: Guerra do Paraguai (1864-1870), a Guerra de Canudos (1896-1897) e as atrocidades do período da Ditadura Militar (1964-1985), prisões, torturas, execuções e mortes (alguns corpos não encontrados até hoje). Vamos ficar com esses três fatos para não nos alongarmos em outras barbaridades realizadas ao longo da nossa história.

        A “cereja do bolo” foi o mais recente apoio dado pelas forças armadas ao “capetão” paraquedista da reserva, um vagabundo profissional de primeira grandeza, incompetente, negacionista e genocida que se tornou presidente. Durante o período em que foi parlamentar sempre foi medíocre, do baixo clero, sem nenhuma expressão no parlamento, a não ser quando era para mostrar a sua ignorância e grosseria, principalmente com as mulheres e homossexuais.

Se isso não bastasse, o “capetão” cloroquina ao se tornar presidente povoou de militares os ministérios e autarquias do governo federal. Ouvi dizer que militares da ativa não podem assumir cargos públicos, mas não importa se esses militares são da ativa ou da reserva, a verdade é que deram a eles mais uma teta do Estado para mamarem, algo muito comum e corriqueiro para essa horda de fardados, que já mamavam em outra teta do Estado em suas respectivas forças armadas.

        Nesse processo de militarização do governo bolsonarento tivemos a nomeação em maio de 2020 do ministro interino da saúde, um General, que ao assumir a pasta, o Brasil registrava quase quinze mil mortos pela Covid-19, quando o mesmo foi efetivado como ministro (com o apoio dos militares), o registro de mortes era de mais de cento e trinta mil mortes, e quando de sua demissão em março de 2021 o número de mortes passava de trezentas e quarenta mil.

        Mas o mais incrível de toda essa história, é que esses militares das forças armadas, se orgulham da sua inutilidade (a qual eu comparo a mesma da profissão de Mis) e acreditam piamente que são imprescindíveis para a sociedade.

        O desembolso do Brasil com a defesa em 2020 somou US$ 19,7 bilhões, o que faz o país estar no 15º lugar no ranking das 40 economias com os maiores gastos militares no mundo. O custo benefício desse gasto com as forças armadas para a nossa sociedade é zero. Supondo que a partir de amanhã não tivéssemos mais as forças armadas, o que aconteceria? O Estado teria mais de 19 bilhões de dólares para investir na educação, saúde, moradia, saneamento básico, ciência e geração de empregos. Com certeza um investimento muito mais útil do que sustentar milhares de inúteis sanguessugas do Estado, que são sustentados pelo suor da classe trabalhadora.

Desde a segunda metade do século XIX essa estrutura militarista participa ativamente da nossa história social e política sempre ao lado dos interesses da elite conservadora e dos liberais reacionários.

        Após a constituição de 1988, isso piorou, porque esses inúteis passam a ter o direito de eleger e ser eleito, e assim, passam a ocupar as cadeiras do congresso nacional e a legislar contra os interesses da população excluída desse país.

            Enfim, além de inúteis como profissionais de farda, se tornaram parlamentares a serviço do que há de pior em nossa sociedade e em nosso país. O Capetão Bolsonarento é prova viva, está aí para confirmar e reafirmar a celebre frase da música do grupo Ultraje a Rigor “A gente somos inútil”.

O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com

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