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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CINEMANIA - Les Misérables

(2012)

 

 157 min  -  Drama | Musical | Romance  -  25 December 2012 (Canada)
  
Estreia em Recife: 01 de fevereiro de 2013



Diretor: 

Tom Hooper

Escritores: 

Claude-Michel Schönberg (book)Alain Boublil(book)and 6 more credits »

Vivemos em uma época de recriações. Hoje em dia é quase impossível apresentar uma trama totalmente nova, uma história totalmente inovadora. E resta aos cineastas inovarem nas técnicas. 3D, 48 quadros por segundo, filmes feitos com câmeras digitais para parecerem mais realistas. Em termos de efeitos visuais, hoje em dia quase tudo é CG. Por trás das mais belas cenas há, quase sempre, um fundo azul. E, competindo com grandes produções visuais como The Hobbit e Life of Pi, Les Miserables, ou Les mis como é conhecido aqui na América do Norte, foi atrás da sua inovação e conseguiu, mesmo retratando um cenário antigo, um mundo sem magia e cheio de miséria, fazer algo jamais feito no cinema. 

Vamos começar alertando que se trata de um musical. E não, não é um musical feito desenhos da Disney, onde a cada 30 minutos alguém canta uma musiquinha alegrinha de 2 minutos de duraçao. Ele é TODO cantado. Eu contei 3 frases, em 2h30 min de filme que não são cantadas. Então meu caro (a), se você não é super fã de musicais, nem tente. Não tem nada pior do que ouvir uma pessoa que foi assistir a um MUSICAL, reclamar que o filme é todo cantado. Mas, se você gosta, vá em frente. O filme vale a pena.

Dessa vez eu vou quebrar a minha regra de não falar muito sobre a história do filme, pois é um remake de um remake baseado em um livro já bem antiguinho. Eu não vou supor que todos aqui saibam disso, então lá vai: Les Miserables é baseado em um livro de Victor Hugo (Autor de O corcunda de Notre-Dame) escrito em 1862. Já houve duas outras versões do livro no cinema. Uma em 1935 e uma em 1998. Esse porém é baseado no musical. Eu nunca li o livro (pretendo em breve), mas dizem que é uma adaptação muito bem feita e fiel. 

Les mis se passa na França do século 19 e conta a história de Jean Valjean (Hugh Jackman) , preso 19 anos por roubar um pão. O filme começa no momento em que ele é liberto, em condicional. Ele quebra a condicional na esperança de começar uma nova vida e consegue até que ele descobre que um homem inocente está voltando para a prisão em seu lugar. Em meio a um cenário pós revolução, a história de Valjean  se entrelaça com a de Fantine (Anne Hathaway), que pede a ele que tome conta da sua filha Cosette. 

Se eu pudesse definir o filme em uma palavra seria IMPECÁVEL. Tudo, desde a maquiagem, as atuações, a direção, a fotografia, o figurino, tudo conspira pra fazer de Les mis um filme inebriante. Anna Hathaway é responsável por uma das cenas mais emocionantes do cinema, cantando  I dreamed a dream. Me arrepio só de lembrar. E aí é que está a grande jogada e a grande inovaçao desse musical. As cenas foram gravadas "ao vivo". 

 Hã? Como assim? 

Seguinte, para quem não entende nada de cinema isso não quer dizer muita coisa, mas caso você não saiba, todo filme é de certa forma dublado. A cena é gravada e o som é mixado em estudio depois. Na maioria dos filmes normais existe uma equipe que é encarregada de captar o som (vozes dos atores, barulho ambiente, etc), tratar esse som e uma outra equipe é responsável por jogar  esse som por cima das imagens no estudio e ter certeza de que elas estejam perfeitamente em sincronia com a cena. No caso dos musicais, as musicas sao gravadas em estudio dois, as vezes três meses antes da filmagem e colocadas na cena. Por isso que as vezes a música está em um tom super alto e o ator não está com cara de quem tá fazendo nem um pouco de esforço pra alcançar aquela nota. Pois na verdade, na cena ele não estava cantando. Eles gravam as músicas sem saber como vai ser a cena, sem contracenar com ninguém e isso dá uma limitação muito grande.  Les mis mudou isso e gravou todo o audio diretamente das cenas. Isso dá uma liberdade de expressão incrível para os atores e um realismo muito maior. Um piano era tocado durante as gravações para dar o ritmo aos atores que deram uma roupagem totalmente diferente às canções. O filme mistura dor, a miséria da época e da situação, uma tristeza profunda e, acreditem ou não, uma certa dose de humor e irreverência num resultado nada mais nada menos do que absolutamente fantástico.

Outra coisa interessante do filme é que vários atores tinha algum tipo de ligação com a história. Hugh Jackman contou que no primeiro teste que ele fez na vida, foi para o musical A bela e a fera. Quando chegou lá puseram ele pra cantar uma música de Les mis. Ele questionou o diretor ao que o diretor respondeu que ele não reclamasse, pois ele provavelmente jamais teria oportunidade de cantar aquela música profissionalmente. A mãe de Anna Hathaway fez Fantine na primeira tour do musical nos EUA. Amanda Seyfried já havia feito o papel de Cosette quando criança em um concerto. 

Fora isso o comprometimento dos atores com essa produção é de arrepiar. Jackman passou 36 horas sem beber nenhum liquido pra poder parecer REALMENTE desidratado em uma das cenas, além de ter perdido 15 kg. Segundo ele isso resultou em uma das piores dores de cabeça que ele teve na vida. Anna Hathaway perdeu 12kg pra fazer a cena da sua morte e cortou o cabelo de verdade. Detalhe importante: O filme custou 61 milhões de dólares e já arrecadou 118 mi só nos EUA. 

Eu poderia passar horas e mais horas falando sobre a beleza desse filme, mas ninguém teria paciência de ler, então eu vou parar por aqui com o seguinte conselho: Gosta de musical? Vá correndo ver. Se não é super fã de musical, mas é super fã de cinema, vá correndo ver, pois é um belo exemplo de boa execução. 

Frase: Fantine: I had a dream my life would be so different from this hell I'm living! So different now from what it seemed... Now life has killed the dream I dreamed.

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