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sábado, 5 de janeiro de 2013

MEDELLIN E PUEBLA



por ROBERTA BARROS



 
   Por dentro dos blocos que erguiam a igreja, hoje demolida, existiam palavras e até frases escritas por jovens quando de sua construção.
Eram escritos simples, recados de adolescentes, mensagens pequenas com grandes sentidos.

   Assim construímos com areia e cimento, os tijolos que edificaram “nossa Igreja”, imensa, bela, simples, perfeita aos nossos olhos, mas ainda uma capela, em uma comunidade que crescia a sombra de um evangelho vivo, sem indulgências, sem passaportes para o céu, onde a fé e a certeza em um Cristo vivo nos guiavam e fazíamos seguir com calos nas mãos e pés descalços fazendo caminhos, pois “caminheiros o caminho é caminhar”.
   Os mais velhos fizeram rifa, as crianças organizaram um pastoril e os que nada tinham a oferecer admiravam nossa força e perseverança.
E mesmo sem saber geograficamente onde se situavam Medellín e Puebla, seguíamos seus passos, com esperança, pois como dizia a música “Quem sabe fazia a hora e não esperava acontecer”.

    Nos novos tempos e por exigências de novas doutrinas, e por que não dizer também do capital, demoliram nossa igreja, seus entulhos seguiram nos “papas Entulhos ou papa tralhas” de nossa cidade, onde foram encontrados requícios dos blocos que nós construímos.
    Algumas frases escritas no cimento cru estavam intactas, lembranças de um tempo onde sonhar era preciso e ainda acreditávamos serem sujeitos de nossos destinos de nossas histórias.

    Em seu lugar uma nova igreja foi erguida, onde o povo não ajudou a levantar, maravilha da arquitetura moderna, que faz contrastar com a simplicidade dos casebres e barracos erguidos a sua volta, e que a cada década teima em aumentar mais um “puxadinho”.
    A torre permaneceu intacta, menos mal, ali a criançada ainda teimam em jogar bolas, e os vitrais nos faz voltar no tempo, onde a justiça e a paz eram proclamadas, e onde amar o próximo era exercício s de casa da catequese, e de onde soavam os sinos proclamando um momento novo. 


Roberta Barros é é pedagoga e fundadora do CAMM,

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