Por
ASSUERO GOMES
Onde só os místicos chegavam os cientistas
agora aportam. O universo teve um começo, um início, um tempo inicial. O início
do primeiro dia, numa explosão de luz. Toda a massa concentrada num único
ponto, que explode expandindo-se em luz. O universo se iniciou numa fonte de
luz (energia).
Ainda em expansão, à medida que a luz se
afastava desse ponto inicial se transforma em matéria, em corpos celestes, em
massas de hidrogênio em combustão, em estrelas, planetas, cometas, galáxias
infinitas.
O que acontece no cosmos acontece no
íntimo da matéria. Das mesmas partículas de energia/matéria, na sua
inconstância aleatória, na dança dos elementos subatômicos, na incerteza
de Heisenberg e nos moldes de Higgs, como um Platão moderno, essas
partículas se juntam como que predestinadas e dão origem aos elementos, e dão
origem à vida.
Até aí tudo misteriosamente perfeito. Algo
mais misterioso ainda vale nossa reflexão: os espaços vazios.
Ora, entre os prováveis lugares que as
partículas atômicas e subatômicas ocupam entre si, há um espaço vazio muito
maior que o próprio átomo. Multiplicado ao quase infinito dos átomos de um
beija-flor ou de um pedaço de chumbo, há mais espaço vazio entre tudo que
percebemos do que os corpos sólidos dos próprios seres ou materiais. Se
pudéssemos enxergar microscopicamente até o mais íntimo do íntimo veríamos até
a nós mesmos como uma espécie de móbile sem fio, com energia gravitando
minúsculas partículas transmutadas ora em matéria, ora em luz.
O que é mais intrigante de tudo, a meu
ver, é: o que leva os mesmos tipos de átomos a se agruparem, para formarem o
beija-flor, a flor, o chumbo, o ser humano? É como se tijolos de luz que
se juntem e formem casas, praças, prédios, fontes, estradas, hospitais, clubes,
igrejas, castelos e casebres. Todos, sem exceção, têm mais espaços vazios que
concretos.
Alguma coisa serve de amálgama que une
tudo em todos e em cada um, e alguma força como que molda com antecedência
imediata, a substância que vai ser gerada naquele momento. As forças
antagônicas que atraem e repelem já são observadas e estudadas há algum tempo,
mas a força que preenche os espaços vazios...
Creio que a ciência está bem perto de se
encontrar com o Espírito (pneuma) de Deus. Nós sabemos que Ele perpassa a tudo
e a todos, que renova a Criação, que sopra quando e aonde quer, que destrói
estruturas iníquas e soergue a humanidade sofrida no dia a dia dos humanos, que
consola o pobre e liberta o oprimido.
Escrito em
Pentecostes de 2013...
Assuero
Gomes
Cristão
católico leigo da Arquidiocese de Olinda e Recife.
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