Por MARCELO BARROS
Nessa
semana, no Rio de Janeiro ocorre a Jornada Mundial da Juventude, promovida pela
Igreja Católica e com a presença do papa Francisco. Delegações de jovens de
vários países do mundo chegaram ao Rio e, como sempre, onde há juventude, há
espontaneidade, alegria e se respira a esperança de um mundo novo possível.
Apesar de que se trata de um encontro de jovens católicos com o papa e a
organização não parece ter previsto um caráter mais ecumênico e aberto aos
problemas do mundo, a própria concentração da juventude já abre fronteiras e
indica passos novos.
Às
vezes, nas instituições eclesiásticas e nas organizações do mundo, nem sempre
juventude é sinal de abertura ao novo. Em alguns setores, encontramos jovens de
idade mais conservadores e fechados ao hoje do mundo do que pessoas da geração
dos 60. Outro dia, um professor de Universidade se queixava: “Não é normal que
meu filho seja mais conservador e fechado do que os da minha geração”. E alguém
respondeu: “Seu filho é seu filho, mas é também filho dos meios de comunicação
e da escola que o formam assim”. E outra pessoa lembrava que, na Alemanha dos
anos 30, foi principalmente com o apoio forte da juventude que Hitler ganhou
poder e promoveu o nazismo. Hoje, nas Igrejas, os movimentos mais
fundamentalistas e fanáticos crescem mais no meio dos jovens do que de pessoas
mais adultas. Entretanto, essa não é a vocação da juventude e nem o rosto da
maioria dos jovens do mundo.
O
segredo da juventude está em sua abertura para o hoje do mundo. Como se manter
jovem e aberto sempre foi um tema que interessou a muita gente. Hoje, mulheres
e homens fazem cirurgia plástica, esticam a pele e mudam de aparência para
parecer mais jovens do que são. Isso significa que amam a vida e têm uma justa
autoestima. No entanto, não existem cirurgias plásticas para o espírito. Mesmo
com aparência mais juvenil, alguém pode envelhecer mal e de forma amarga. Desde
o mundo antigo, os gregos falavam da fonte da juventude e no tempo da
colonização da América, os conquistadores a buscaram na Flórida e no Eldorado
perdido em meio à cordilheira. Nunca a encontraram.
No
evangelho de João, o fariseu Nicodemos pergunta a Jesus como alguém pode se
tornar jovem já sendo idoso. Jesus responde que deve deixar-se mover pelo
Espírito e esse sopro divino o renovará. Mas, é preciso como um novo
nascimento.
Em
princípio, alguém pertence a uma Igreja para que ela o ajude nesse caminho da
renovação interior e profunda. Jesus diz que o pastor é alguém que não mantém
as ovelhas presas no aprisco, mas, ao contrário, abre a porta dos currais e
abrigos onde elas estão contidas, chama cada uma pelo nome e as leva para fora.
O pastor não é o controlador do rebanho que caminha atrás de todos, na retranca
dos acontecimentos, na retaguarda dos pensamentos e da vida, mas, ao contrário,
vai à frente das ovelhas, conduzindo-as para onde houver alimento e bebida (Cf.
Jo10, 1 ss). Em um mundo que, tanto no plano fisiológico, como no nível da
cultura, envelhece rapidamente, é importante que as Igrejas e religiões
redescubram a sua missão de ser como a parte mais renovadora da humanidade e
que ajudem a toda pessoa humana a ouvir a voz divina que até hoje retoma a
afirmação do Apocalipse: “Faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5).
Marcelo Barros é Monge Beneditino e Peregrino de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário