Por
Roberta Barros
Na Encosta da barreira eles ergueram mais
um casebre. Não parece uma casa, é um quadrado, coberto de pedaços de lonas,
sacos plásticos, panos velhos... As
folhas verdes das taiobas, foi a única vida verde que restou da devastação.
Com enxadas, pás e picaretas, eles furaram
a barreira, que com a chegada da chuva, escorre pelos caminhos pequenos, como sangue em veias abertas, que
descem abrindo caminho, nos lamaçais da vida infames, de seus moradores.
Sem janelas, apenas um pedaço de terra
batida, sem água oficial, só a água divina, que no primeiro inverno deve
desmanchar a intenção e obstinação de se ter uma casa.
Sem energia, logo a boquinha da noite, um
candeeiro deve iluminar a garrafa da cachaça, que adorna o pedaço de madeira
que se torna mesa, e segue anestesiando as amarguras de seus moradores.
No quintal improvisado, dois seres se
organizam e dividem a limpeza diária, olho, tento enxergar o que fazem, são
duas mulheres com seus afazeres domésticos, o que elas fazem meu Deus, em
frente ao casebre, em forma de casa, sem janelas, sem telhados, e até sem vida?
Parecem acreditar que ainda vivem, pois em
seus corpos o coração ainda bate, porém em suas faces, o mundo parece lhes ter
roubado a vida.
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