O Jornal On Line O PORTA-VOZ surgiu para ser o espaço onde qualquer pessoa possa publicar seu texto, independentemente de ser escritor, jornalista ou poeta profissional. É o espaço dos famosos e dos anônimos. É o espaço de quem tem alguma coisa a dizer.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O que é novo para o mundo nesse ano novo




Por Marcelo Barros

 Baseados na visão sócio-política da realidade, estudiosos tentam descortinar algo sobre o futuro da sociedade. Em geral, essa análise é mais conflitiva do que as previsões religiosas ou místicas. Economistas julgam que a crise econômica mundial vai continuar e até se aprofundar em 2014, já que os governos mais responsáveis pela crise querem resolvê-la sem rever em nada o sistema capitalista que causou todo o mal. É como se um médico quisesse curar o doente tratando-o com o próprio veneno que provocou a enfermidade. No plano ecológico, também as perspectivas não são otimistas. Em diversas regiões do planeta, esse ano começa com inundações devastadoras e secas destruidoras. Invernos mais rigorosos e verões escaldantes parecem ser resultado do aquecimento global. Ao mesmo tempo, a população da terra se torna mais urbana. Isso cria mais necessidade de água, a cada dia, mais escassa. E a destruição ecológica está intimamente ligada à desigualdade social e à injustiça que, infelizmente, ainda vigoram no mundo em alguns continentes se agravam e aumentam. 

De quatro em quatro anos, no início de cada novo mandato presidencial nos Estados Unidos, o National Intelligence Council (NIC), departamento de análise e antecipação geopolítica e econômica da CIA (Central Intelligence Agency), publica um relatório. Apesar de pertencer à CIA norte-americana e, portanto, apresentar uma visão do mundo a partir dos interesses do governo dos Estados Unidos, esse documento é feito a partir de uma ampla consulta a cientistas e estudiosos independentes de várias universidades e centros de pesquisa de todo o mundo. Por isso, o relatório norte-americano contém elementos e análises que interessam à sociedade internacional [1].

O relatório mais recente é do começo de 2013, quando o presidente Obama iria começar o seu segundo mandato. Os dados pretendem falar do mundo desses próximos anos. No entanto, são questões que já aparecem em 2014 e, por isso, podem entrar em uma análise de perspectiva para esse ano.  

Uma constatação do relatório é a de que, cada vez mais, as maiores coletividades do mundo passam a ser não mais países e sim comunidades virtuais, congregadas pela internet. Nesse início de 2014,  calcula-se que um bilhão de pessoas no mundo já esteja ligado através do Facebook, Twiter e outras redes sociais. No norte da África e em outras regiões, várias manifestações políticas têm sido convocadas e coordenadas através da internet. A previsão é de que, graças ao acesso à rede e ao uso de novas ferramentas digitais, as estruturas de poder social e político no mundo comecem a mudar. O relatório adverte que, para evitar isso, a CIA e os órgãos de segurança deverão usar a internet para, através dela, exercer “uma capacidade sem precedentes de vigiar os cidadãos”. Como se o papel dos governos fosse controlar os cidadãos e impedir que a sociedade civil consiga se articular de forma mais horizontal e democrática.  

 Outra constatação do relatório é prevista para os próximos anos: o “declínio do Ocidente”. Trata-se do fim da hegemonia política e militar dos países que durante os últimos séculos mandaram no mundo. “Caminhamos para um mundo multipolar, no qual novos atores, como a China, a Índia e outros países começam a construir novos polos continentais sólidos e a disputar a supremacia internacional que antes era dos EUA, Alemanha, Reino Unido e França”. A crise econômica e a integração do mundo dos pobres conseguiram o que a Al Qaeda não conseguiu: enfraquecer o império.

No Brasil, 2014 será ano de eleições presidenciais e estaduais. Até junho, os meios de comunicação se ocuparão da Copa do mundo. Depois, farão da campanha eleitoral o seu show. Tomara que candidatos e partidos possam discutir projetos políticos para o país e não apenas promessas eleitorais. Para quem é cristão, é importante discernir qual o projeto político mais justo. Ao servir melhor à maioria do povo, esse projeto se torna sinal e instrumento da realização do projeto divino de paz e justiça para o mundo.


[1] Cf. IGNACIO RAMONET, O mundo em 2030, in Fato e Razão, 83, setembro 2013, p. 26. 


MARCELO BARROS é monge beneditino e escritor. Tem 45 livros publicados, entre os quais “O Amor fecunda o Universo (Ecologia e Espiritualidade) com co-autoria de Frei Betto. Ed Agir, 2009.
 
CLIQUE AQUI - PARA ACESSAR TEXTOS MAIS ANTIGOS ANTERIORES AO BLOG

Nenhum comentário:

Postar um comentário