por Rejane Menezes
O ano era 1971, não lembro o mês. Nós, os adolescentes
ousados membros do grupo S.O.S. (Sempre Ousamos Salvar), aguardávamos, em uma
sala do Colégio Salesiano, a chegada de um jovem monge beneditino que
coordenava a pastoral de Juventude da Arquidiocese de Olinda e Recife.
O S.O.S. não era apenas mais um grupo de jovens, tão comuns
àquela época. Era um grupo diferenciado, porque ousava salvar, vejam vocês.
Salvar no sentido amplo da palavra, no sentido de transformar o mundo.
E dom Marcelo Barros estava vindo conversar com a gente
sobre o nosso jornalzinho, O Balaio, que, como se diria hoje “Estava causando”.
Nós escrevíamos os textos, recolhíamos textos de jovens de outros grupos, datilografávamos
no estêncil, rodávamos no mimeógrafo do colégio Salesiano e vendíamos a um
preço que só dava para comprar o papel da próxima edição. A impressão era
cortesia do Salesiano, que nos dava o maior apoio. Nosso orientador espiritual,
o Pe. Ivan Teófilo era padre salesiano.
E, com a chegada de dom Marcelo, seu sorriso largo e sua
fala suave, os receios se dissiparam e tivemos um encontro muito bom, que se
repetiu muitas outras vezes. A Arquidiocese só queria chegar junto da gente e
nos apoiar, caso precisássemos. E,
naquele momento, não sabia eu que estaria conhecendo um grande amigo.
Naquela época os grupos de jovens eram muitos e tanto tinham
momentos de reflexão quanto de ação. O S.O.S. além do jornal, tinha uma
participação efetiva na O.A.F. (Organização de Auxílio Fraterno), nas Rondas e
também com as crianças. Imagine que nosso jornal entrevistou Maria Bethânia,
MPB4 e Chico Buarque.
Nós, os jovens e adolescentes da década de 70 temos muito a
agradecer ao apoio e ao carinho dos religiosos e religiosas que nos apoiaram,
que nos mostraram o caminho para a cidadania e despertaram em nós a vontade de
tornar o mundo um lugar melhor para se viver.
Hoje Marcelo Barros está comemorando 70 anos de uma vida
cheia de lutas e muitas conquistas. Uma vida dedicada ao pastoreio das ovelhas
que ele conhece pelo nome. Uma vida dedicada a reunir, a agregar e combater as
diferenças.
Parabéns meu amigo querido por esses 70 anos cheios de luz e
brilho. Obrigada pelo privilégio de ser meu amigo.
Um grande abraço pra você. E muitos e muitos mais anos iluminando a nossa vida e o nosso caminho. (Cacá)
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