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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Saga das Crianças



   Por ROBERTA BARROS          
                                       
 Agora começo uma estória,
Não sei se vou conseguir contar
Falar da saga de crianças
Que pelo país vive a vagar.

Peço prudência a Deus
E coragem a invocar
Falar da penúria dessas crianças
Faz até arrepiar.

Deixados nas rodas dos conventos
Ou por traz dos muros dos internatos
Assim foi sua evolução
Em um país aristocrático.

Filhos do povo e da miséria,
Logo cedo aprende a sofrer,
Pão com ovo em dia de festa,
Pão seco ao entardecer.

Meninas mães lhe geram,
Filhos das ruas rebentam
Nascido do nada,
Vida dura enfrenta.

Ainda com os ossos em formação,
Disputam as poucas proteínas,
Pois seu sangue sem sustentação
Faz nascer sem vitaminas.

Crescem como Deus criou batatas,
Perambulando vão seguindo,
Uns nas feiras fazem cata-cata,
Outros nos mocambos vão se comprimindo.



Ainda jovens, deixam as brincadeiras
Bola de gude, pipa, pião
A sobrevivência derradeira
Faz calar sem opção.

Nos guetos e vielas eles crescem,
Nos becos, passam para labutar,
Sem esperanças emergem
Para um futuro sem acreditar

Meninas, mães elas são,
Logo cedo filhos a criar
Sem amor ou gratidão
Seus filhos começam a balançar.

Sem emprego ou qualificação
Espera a vida mudar,
Luta para não ser ladrão
E no futuro acreditar

Os que não morrem ainda bebê,
O matador vem buscar,
As mães ficam sem saber
 E aonde ir procurar.

Nas luzes da noite
Engraxando eles vão,
Durante o dia com sono
Para a escola não vão não.

Nascem sem cegonha,
E até sem enxoval
A mãe tem até vergonha
De conceber sem pré-natal.

Esta estória é antiga
Do século passado ela vem,
Se não mudar esta cantiga
O futuro vai para o além.

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