Por Marcelo Barros
Cada
um/uma de nós tem o direito de viver como ser humano de modo decente, ser
reconhecido e respeitado na sua dignidade, por aquilo que é. A cultura moderna
estimula o desejo da autonomia individual. Toda pessoa luta para conquista-la.
Na maioria dos casos, essa autonomia é vista como algo exclusivamente
individual, despolitizado e independente dos outros. E enquanto uma pequena
elite goza dessa autonomia social e econômica, a imensa maioria das pessoas não
tem garantida sua segurança alimentar, sua saúde, não tem acesso a uma educação
crítica e deve lutar apenas por sua sobrevivência cotidiana. Esse modo de viver
parece normal e não põe em questão a ordem vigente. Até a aprova e dela se
alimenta. Entretanto, todos nós sabemos ou ao menos sentimos que, embora a
felicidade seja algo interior e subjetivo, nunca seremos felizes em meio a uma
sociedade infeliz. Não poderemos nos sentir bem, enquanto nossos parentes,
pessoas que amamos e mesmo vizinhos não forem também felizes.
Esse
sentimento de pertença coletiva a uma humanidade única e que deve ser unida levou
a sociedade internacional a criar a ONU no dia 24 de outubro de 1945. Hoje,
quase 70 anos depois, a ONU está fragilizada. Sente a necessidade de urgente
reforma em seus princípios básicos e sua organização. No entanto, ninguém pensa
que a ONU não é necessária ou importante na construção da paz e da justiça no
mundo.
Como
a ONU é uma organização de chefes de Estado e é dominada pelas grandes
potências que controlam o Conselho de Segurança, convive com a injustiça
estrutural do sistema dominante. Sabe que as ameaças de guerra contra países do
Oriente Médio, assim como a situação de fome e miséria de tantos povos
africanos são decorrência dos novos modelos de colonialismo que os poderosos do
mundo continuam impondo. Infelizmente, muitos reagem a essa realidade dizendo:
“O mundo sempre foi assim e sempre será”.
E, hoje em dia, esses ladrões de sonhos não são apenas pessoas
individuais e sim impérios de comunicação que fazem dos crimes, assaltos e
violências que infestam a sociedade o seu espetáculo cotidiano. As televisões oferecem
como material para a fantasia novelas que além de personalidades distorcidas e cruéis
propõem padrões de consumo só acessíveis aos privilegiados que vivem em ilhas
de luxo, em meio ao lixo do grande resto dos seres humanos. As Saramandaias da
vida global se juntam aos Harry Potter e Senhor dos Anéis das sessões
vespertinas, até que se encerre o último reality
show e as pessoas voltem para as pequenas e grandes tragédias de cada
dia.
Diante
desse quadro, os movimentos sociais e comunidades de base ampliam suas redes de
comunicação, aproveitam a internet para divulgar o modo alternativo de ver o
mundo e valorizam mais as experiências melhores de comunicação como as
emissoras educativas de televisão. Em muitos países da América, a Telesur é uma
boa alternativa, sempre acessível aos brasileiros pela internet.
Quem
é cristão sabe que Evangelho significa comunicação verdadeira e promotora da
paz. Além da mensagem religiosa, os Evangelhos afirmam que Deus tem um projeto
de amor e justiça para o mundo. É missão de todas as pessoas de boa vontade aderir
a esse projeto e vivê-lo, assim como colaborar para que ele se instale no
mundo. É uma mensagem que nos educa a sonhar coletivamente e nos compromete a lutar pacificamente para realizar nossos
sonhos de justiça, paz e defesa da natureza.
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MARCELO BARROS é monge beneditino e escritor. Tem 44 livros publicados, dos
quais “O Espírito vem pelas Águas",
Ed. Rede da Paz e Loyola. Email: irmarcelobarros@uol.com.br
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