Por
Marcelo Barros
Nesses
dias, se encerrou em Bonn, na Alemanha uma reunião de representantes de
diversos países para preparar os acordos necessários a serem tomados, no começo
de dezembro, em Paris, no encontro da ONU sobre mudanças climáticas. No
entanto, o assunto dessa semana foi a proteção da camada de ozônio na
estratosfera. A cada ano, o dia 16 de setembro é considerado pela ONU “o dia
internacional de proteção à camada de ozônio”. Em vários países, durante essa
semana, se realizaram eventos para alertar a humanidade sobre a situação atual
e propor um maior cuidado com a atmosfera. O ozônio é um gás altamente volátil.
Sua molécula é composta por três átomos de oxigênio (O3). Na superfície da
terra , é um gás poluidor e negativo. Na atmosfera, entre 25 e 30 quilômetros
de distância da terra, há uma camada de ozônio que absorve a radiação
ultravioleta do sol e, assim, protege plantas, animais e os seres humanos dos
raios ultravioletas. Para o planeta Terra, ela é o filtro da vida e da saúde.
Quando a camada de ozônio diminui ou desaparece, ficamos expostos a várias
enfermidades e problemas. E isso começou a acontecer nos anos 70.
O 16 de
setembro é considerado o “dia internacional da preservação da camada de
ozônio”, porque em 1987, nessa data, 46 países assinaram o “Protocolo de Montreal”.
Ali, se comprometeram a parar a fabricação de clorofluorcarbono (CFC) afim de
deter a destruição da camada de ozônio na estratosfera terrestre. Esse acordo
foi importante e mais eficaz do que o protocolo de Kyoto, assinado mais tarde
para deter o aquecimento global. Conforme os cientistas da OMM (Organização
Mundial e Meteorologia), desde a assinatura do documento de Montreal, a produção do CFC chegou a cair 76% em relação
aos anos anteriores ao tratado. Entretanto, a própria ONU reconhece: no mercado
negro, a cada ano, continuam a ser vendidas mais de 30 mil toneladas de CFC, em
forma de gás para geladeiras e de latas de spray. Isso mostra que não basta a
lei para mudar a realidade.
Em
Brevik, pequena cidade ao oeste de Oslo, na Noruega, uma empresa desenvolve um
projeto condenado pela maioria dos ecologistas e temido pela sociedade civil. Trata-se
de um meio de recuperar o dióxido de carbono (CO2) imediatamente quando ele sai
das chaminés das fábricas e usinas para enterrá-lo no subsolo, estoca-lo em um
reservatório subterrâneo, no qual ele não possa provocar o efeito serra.
Querem, assim, “descarbonizá-lo”, ou seja, convertê-lo em energia limpa. A
maioria dos ecologistas denuncia o risco de tal empreendimento, cujos efeitos
ainda são desconhecidos. Além disso, será uma solução que não muda a
mentalidade exploradora e dominadora do ser humano sobre a natureza.
Em
sua nova encíclica sobre o cuidado com a casa comum, o papa Francisco insiste: é
preciso uma consciência nova e uma mudança cultural. Não se trata apenas de
evitar as consequências terríveis das mudanças climáticas. É preciso mudar o
nosso modo de conviver com a natureza. Cuidar da proteção da camada de ozônio é
responsabilidade dos governos, mas é importante que todos nós, cidadãos,
entremos nessa campanha. As Igrejas e religiões têm uma responsabilidade séria
na formação de uma nova sensibilidade com relação ao cuidado com a natureza. Recentemente,
o papa determinou que, a cada ano, junto com as Igrejas Ortodoxas, a Igreja
Católica celebre no começo de setembro um dia de oração e cuidado com a criação
divina, o universo. O Conselho Mundial de Igrejas que reúne 349 Igrejas
evangélicas e ortodoxas enviou à ONU um documento no qual se propõe a ajudar as
comunidades cristãs a se comportarem como “antessalas da criação divina” e
assumirem o compromisso de cuidarem com mais afinco de uma unidade holística
que abrange toda a natureza como comunidade da vida. A proteção da camada de ozônio, filtro da
vida no planeta, entra nessa pastoral do amor ecológico.
Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo católico é especializado em Bíblia e assessor nacional do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, das comunidades eclesiais de base e de movimentos populares. É coordenador latino-americano da ASETT (Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo) e autor de 45 livros publicados no Brasil e em outros países
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