O Jornal On Line O PORTA-VOZ surgiu para ser o espaço onde qualquer pessoa possa publicar seu texto, independentemente de ser escritor, jornalista ou poeta profissional. É o espaço dos famosos e dos anônimos. É o espaço de quem tem alguma coisa a dizer.

sábado, 2 de outubro de 2021

Fora Bolsonaro não é Diretas Já

 Prof. Martinho Condini


    Hoje acontecem as manifestações a favor do Fora Bolsonaro.

    O palanque na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo será suprapartidário, com a participação do campo da direita, centro direita, esquerda e centro esquerda. Lá se farão presentes diversos partidos, Cidadania, DEM, MDB, PC do B, PDT, PL, Podemos, Solidariedade, PSD, PSB, PSDB, PSL, PSOL, PT, PV, Rede, UP, PCB, PSTU, PCO, PCdoB e Novo, os movimentos sociais, comunidade LGBTQIA+, entidades como Direitos Já, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, Acredito, UNE, Coalizão Negra por Direito, igreja progressista, representantes da sociedade civil, as centrais sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, NCST, CSB, CSP, CONLUTAS, Intersindical e Públicas) e que mais aparecer.

    Talvez se encontrem nesse palanque Lula, Boulos, Haddad, Dilma, Dino, Ciro, FHC, Dória, Renan, Maia, Temer, Amoedo, Mandeta, Zema, Alckmin, França, Kassab, Marina, Paulinho da Força,Freixo,  Manuela D’ávila, Eduardo Leite e quem mais vier.

    Mas o que me causa estranheza é que alguns desses partidos e nomes que ai estão apoiaram o golpe contra a presidenta Dilma, a prisão do presidente Lula e o lavajatismo, se isso não bastasse, foram apoiadores e eleitores de Bolsonaro e  alguns se elegeram em 2018 na onda bolsonarista.

    A causa é nobre, todos unidos para tirar Bolsonaro e sua quadrilha miliciana do poder, mas é preciso separar neste balaio de gato o joio do trigo. Muitos que estarão no palanque daqui a pouco, querem apenas desvincular os seus partidos e nomes ao de Bolsonaro, por causa das próximas eleições que estão logo ali. Lembrem-se que até muito pouco tempo atrás estes mesmos eram bolsonaristas de carteirinha, rezavam na mesma bíblia neoliberal, conservadora, lavajatista e anti-petista desse atual desgoverno. Que beleza!  

    Lembrem-se que em 12 de setembro organizou-se um movimento “Anti-Bolsonaro”, liderado pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e “Vem Pra Rua”. Direita pura que quiseram surfar na onda do “anti-Bolsonaro” e também se apresentaram como oposição.

    Mesmo com esse contexto, as ruas estarão ocupadas, porque a maioria da sociedade brasileira quer salvar a nossa democracia política, que foi reconquistada com a luta de tanta gente, muitas delas torturadas e mortas pela ditadura militar (1964-1985).

    A outra história foi a campanha das Diretas Já em 1983/1984, movimento suprapartidário que reuniu lideranças políticas, sindicais, religiosas, classe trabalhadora e outros, todos unidos pelo fim da ditadura militar. A sociedade brasileira queria voltar a eleger o seu presidente da república por meio do voto livre e direto.

    Nos palanques das Diretas Já em 1984, estiveram juntos os partidos de oposição ao regime militar PMDB, PT, PDT e PTB, movimentos e entidades sociais e sociedade civil, igreja progressista e outros. Lideranças políticas como Lula, FHC, Brizola, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Miguel Arraes, Franco Montoro, Mario Covas, Orestes Quércia, João Amazonas, Luiz Carlos Prestes, Paulo Freire, Luiza Erundina, Dom Helder Camara, Dom Paulo Evaristo Arns e outros.

    Nas Diretas Já não tínhamos apoiadores do regime militar no palanque, em comparação ao atual palanque do “Fora Bolsonaro”, que poderá ter membros do campo político da direita que apoiaram o bolsonarismo.

    Enfim, não sou contrário a um movimento suprapartidário a favor do Fora Bolsonaro, mas estou convencido que é inadmissível que os campos progressistas de esquerda dividam palanques com essa corja de direitistas inescrupulosos e cúmplices desse desgoverno genocida, miliciano, negacionista e corrupto.

    Acredito que nas manifestações de hoje estarão presentes milhares de cidadãs e cidadãos que trazem consigo o esperançar de que é possível a mudança e a reconstrução de um país soberano e digno para todas e todos.



Nenhum comentário:

Postar um comentário