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sábado, 30 de outubro de 2021

Se a escola não for democrática, vai educar como?

 Prof. Martinho Condini


 

 Acredito que essa pergunta possibilita a reflexão de muitos gestores, gestoras, professoras, professores, alunas, alunos, pais e mães envolvidos na comunidade escolar.

A pandemia nos provou que a democracia passa muito longe das nossas escolas públicas. (às escolas privadas tem dono e cada um deles toca a banda e afinam os instrumentos da maneira que os agradam).

Durante a pandemia quantos jovens ficaram sem acesso às aulas por não terem recursos tecnológicos para assistir as aulas, e mesmo que alguns tivessem precários recursos, faltaram a eles o essencial no processo de ensinagem e aprendizagem, a relação humana, a ausência da amorosidade e a dialogicidade tão fundamentais para a construção da cidadania e do conhecimento.  

Mas quando me refiro à ausência de escolas democráticas, me refiro a democracia social e racial e a igualdade de oportunidade para todos na escola.

 Esta semana saiu uma pesquisa publicada no jornal a Folha de São Paulo sobre o racismo e preconceito nas escolas. 

Preconceito e Racismo, por serem estruturais em nossa cultura estão ainda muito presentes no ambiente escolar. E quando digo estrutural, significa que eles são construídos em outros espaços como a família e a religião. E a escola como espaço laico e público tem a obrigação e o dever de trabalhar essas questões a fundo, até a exaustão.  

Não podemos nos esquecer que a supremacia branca, os valores judaico-cristãos e o espírito capitalista sempre estiveram presentes na formação da nossa cultura e carregam consigo valores preconceituosos e raciais que ao longo da nossa história foram transmitidos pela escola.   

Escola pra que se ela não está dando conta de fazer as principais discussões que aflige a nossa sociedade no que tange os preconceitos e os racismos?

 É inadmissível que se possibilite manifestações de preconceito e racismo numa escola.

Isso nos aponta para um norte, a principal função da escola é formar seres humanos, humanistas na melhor concepção da palavra, em primeiro lugar.

A escola que não se importa com a formação humana, não tem comprometimento com os seres humanos e com o planeta.  

Para que isso ocorra a escola deve ser forjada nos princípios éticos e morais universais que sustentam a verdadeira democracia, isto é,  o direito de todas e todos que nela estão inseridos falarem o que pensam e serem respeitados como sujeitos da história que são.  Uma escola que não permita o diálogo, a reflexão, o debate, a discussão construtiva, a transformação e a libertação daquele que a freqüenta esta fadada ao fracasso e a inutilidade.

Sabemos que por esse Brasil a fora temos maravilhosos exemplos de práticas democráticas em instituições de ensino públicas, a custo de muito trabalho e muita luta de professoras e professores progressistas comprometidos com a liberdade e respeito a dignidade humana acima de tudo. Os tempos são difíceis e sombrios não se pode esmorecer, e como diz o ditado popular, não podemos dar sopa para o azar. 

 O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com 

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