Por Assuero Gomes
As pessoas são como as árvores. Fazemos parte da teia infinita da Vida que une todos a tudo. Observando algumas plantas e especialmente as árvores nos vamos lembrando de pessoas que passaram por nossas vidas.
Sejam Flamboyants
floridos que roubam a cena e o cenário e encantam por sua exuberância e beleza
quase brutal, sejam Eucaliptos que crescem de cabeça erguida e cuja madeira
dura vai ser queimada em estalidos gementes, mas que não permitem que nada
cresça ao seu redor nem à sua sombra.
Os Cedros do
Líbano são sábios, sóbrios, quase eternos. Longevos. São o sustentáculo de uma
nação. Os Bambus, esses caniços, são os que se envergam, os que aguentam as
tempestades, que racham, mas não cedem, e quando passa a refrega estão firmes,
bailando com o vento.
O Sândalo, que já
foi cantado em prosa e verso e que espalha perfume mesmo sobre que o fere,
lembra um pouco a cana-de-açúcar, que mesmo triturada ainda doa o seu mel, como
nos ensinava nosso profeta (D. Helder).
Todas as árvores e
todas as pessoas são especiais, algumas, no entanto, são mais especiais ainda,
como as Acácias, que derramam ouro em abundância, generosamente e são nobres.
Árvores podem ser castas como os Jasmineiros, puras, quase vestais. Outras são
pródigas como os Cajueiros, que trazem nos seus frutos toda a subsistência para
um faminto, e se mantêm em meio à desolação de um sertão seco, junto ao
Umbuzeiro, sertanejos valentes e inquebrantáveis.
Algumas pessoas
são como as Gravioleiras; de aspecto hostil, um tanto rudes à primeira vista,
de fruto espinhoso como um coração cheio de farpas, mas que por detrás das
cascas e espinhos guardam tanta doçura e carinho que são perdoadas ao primeiro
sabor do fruto. Outras são graciosas como as Romãzeiras ou sutis como as
Pitangueiras.
Robustas são as
Jaqueiras, imponentes como matriarcas de uma sociedade aristocrática, que fazem
companhia às Mangueiras, doces mangueiras! De manhãs e quintais pernambucanos.
E o que dizer dos Jambeiros frondosos de minha infância? Há ainda pessoas como
eles?
Há as tristes,
melancólicas, que ao cair da tarde choram suas folhas indiferentes aos trinados
e gorjeios, indiferentes aos ninhos. São os Chorões. Quanta diferença dos Ipês!
Quanta diferença!
As negras dos
engenhos seculares se encantaram em Baobás e ainda estão presentes nos bons
fantasmas das nossas histórias infantis e nos acalantos de ninar. São eternas
estas negras árvores d´África.
Mas deixem-me
lembrar das Palmeiras. Elegantes, meticulosas, belas e pueris como as
sinhazinhas. Presenças no azul do céu de verão com seu delicado arranjo verde à
cabeça e brincos de pérolas coloridas, acompanham seus cuidadosos e ciumentos
pais, os imperiais.
Reinam em toda
orla os soldados da nova armada romana, como a vigiar e guardar a costa, os
Coqueiros. Pessoas são como as árvores. Concretas e etéreas, buscam o
firmamento sem querer se desenraizar. Lançam suas sementes em busca do tempo
eterno, servem de berço e esquife, servem de lápis e papel, servem de dor e
alegria, enfim são humanas.
O Bonsai, que quer
dizer “árvore na bandeja”, é uma arte milenar, originária da China, e difundida
atualmente em todo mundo. Consiste em cultivar árvores e arbustos em vasos,
tentando reproduzir em miniatura esses nossos irmãos, como se estivessem livres
na natureza em todo seu verde esplendor.
A maior lição de
quem cultiva essa arte é o cuidar. O Bonsai traz em si toda a delicadeza e
beleza da mãe Terra, com seus requintes e caprichos, seus desejos e segredos
mais escondidos. No Bonsai há que se cuidar do solo, das raízes, das folhagens,
das florescências quando as houver, do micro clima. No entanto ao cuidar dele
na verdade há a descoberta do cuidar de si, do cuidar do outro, da comunidade e
do meio ambiente.
No entanto ao
cuidar dele (o Bonsai) na verdade há a descoberta do cuidar de si, do cuidar do
outro, da comunidade e do meio ambiente.
Deveria ser matéria obrigatória em todo currículo escolar, especialmente dos alunos e mestres da área de saúde, dos seminaristas e sacerdotes, dos artistas e poetas e especialmente dos economistas e financistas.
Deveria ser matéria obrigatória em todo currículo escolar, especialmente dos alunos e mestres da área de saúde, dos seminaristas e sacerdotes, dos artistas e poetas e especialmente dos economistas e financistas.
Cristão católico leigo
da arquidiocese de Olinda e Recife
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