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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

PALESTINOS NÃO FIZERAM O HOLOCAUSTO E MERECEM RESPEITO



J u r a c y   A n d r a d e


      Concluo agora o que escrevi sobre o movimento judaico chamado sionismo e o derivativo designado como sionismo “cristão” (abraçado por alguns protestantes), com uma carta aberta de protesto de judeus que não concordam com o movimento sionista condenando com veemência o recente massacre de Gaza, o genocídio praticado contra os palestinos pelo governo israelense e seus financiadores e defensores, à frente o governo estadunidense. Subscrevem o documento, divulgado no site do International Jewish Anti-Zionist Network, 33 sobreviventes do Holocausto, 111 filhos de sobreviventes e ainda 196 netos e 454 bisnetos e outros parentes de vítimas. E isso lhe dá uma força moral incrível e incontestável. Eles conclamam ao boicote do Estado judeu e solicitam donativos para publicar a carta no The New York Times. À íntegra da carta:
“Como sobreviventes e descendentes de sobreviventes judeus do genocídio nazista, condenamos inequivocamente o massacre de palestinos em Gaza e a ocupação e colonização da Palestina histórica em curso. Condenamos ademais que os Estados Unidos forneçam a Israel os fundos para levar cabo o ataque, e a todos os Estados ocidentais, de maneira geral, pelo uso de sua força diplomática para impedir Israel de ser condenado. O genocídio começa com o silêncio do mundo.

      Estamos alarmados pela extrema desumanização racista dos palestinos na sociedade israelense, que alcançou o paroxismo. Em Israel, políticos e comentaristas, no The Times of Israel e no The Jerusalem Post, pediram abertamente o genocídio de palestinos, e israelenses de direita estão adotando divisas neonazistas.

     Além do mais, desapontados e indignados pelo abuso de Elie Wiesel (Prêmio Nobel) da nossa história naquelas páginas para promover clamorosas falsidades utilizadas para justificar o injustificável: a determinação de Israel de destruir Gaza e o assassinato de cerca de dois mil palestinos, incluídas centenas de crianças. Nada pode justificar o bombardeio de refúgios das Nações Unidas, residências, hospitais, universidades. Nada pode justificar que se privem as pessoas de eletricidade e água.

     Devemos elevar nossas vozes coletivas e usar nosso poder coletivo para por fim a todas as formas de racismo, inclusive o genocídio em curso do povo palestino. Exigimos que se ponha fim de imediato ao cerco e bloqueio de Gaza. Fazemos um chamamento ao pleno boicote econômico, cultural e acadêmico de Israel. O ‘nunca mais’ deve significar nunca mais para ninguém”.

     Antes de finalizar, reitero minha apreciação e admiração pelo povo judaico, sua cultura multi-milenar, sua religião, que é a mesma de Jesus Cristo, dos primitivos cristãos (nosso Mestre não pensou em criar uma nova religião). E contesto de antemão as críticas, às vezes descabidas, que recebo toda vez que abordo questões como o infindável e desequilibrado conflito entre o Estado de Israel e o povo palestino, que tem direito ao seu Estado e, se não segurarem os Netanyahus et caterva, vão terminar totalmente aniquilados. Eles não são responsáveis pelos pogroms e outras perseguições e massacres históricos do povo judeu, nem pelo Holocausto.


Juracy Andrade é jornalista com formação em filosofia e teologia

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