J u r a c y A n d r a d e
Concluo agora o que escrevi sobre o
movimento judaico chamado sionismo e o derivativo designado como sionismo
“cristão” (abraçado por alguns protestantes), com uma carta aberta de protesto
de judeus que não concordam com o movimento sionista condenando com veemência o
recente massacre de Gaza, o genocídio praticado contra os palestinos pelo
governo israelense e seus financiadores e defensores, à frente o governo
estadunidense. Subscrevem o documento, divulgado no site do International
Jewish Anti-Zionist Network, 33 sobreviventes do Holocausto, 111 filhos de
sobreviventes e ainda 196 netos e 454 bisnetos e outros parentes de vítimas. E
isso lhe dá uma força moral incrível e incontestável. Eles conclamam ao boicote
do Estado judeu e solicitam donativos para publicar a carta no The New York Times. À íntegra da carta:
“Como
sobreviventes e descendentes de sobreviventes judeus do genocídio nazista, condenamos
inequivocamente o massacre de palestinos em Gaza e a ocupação e colonização da
Palestina histórica em curso. Condenamos ademais que os Estados Unidos forneçam
a Israel os fundos para levar cabo o ataque, e a todos os Estados ocidentais,
de maneira geral, pelo uso de sua força diplomática para impedir Israel de ser
condenado. O genocídio começa com o silêncio do mundo.
Estamos alarmados pela extrema
desumanização racista dos palestinos na sociedade israelense, que alcançou o
paroxismo. Em Israel, políticos e comentaristas, no The Times of Israel e no The
Jerusalem Post, pediram abertamente o genocídio de palestinos, e israelenses
de direita estão adotando divisas neonazistas.
Além do mais,
desapontados e indignados pelo abuso de Elie Wiesel (Prêmio Nobel) da nossa
história naquelas páginas para promover clamorosas falsidades utilizadas para
justificar o injustificável: a determinação de Israel de destruir Gaza e o assassinato
de cerca de dois mil palestinos, incluídas centenas de crianças. Nada pode
justificar o bombardeio de refúgios das Nações Unidas, residências, hospitais,
universidades. Nada pode justificar que se privem as pessoas de eletricidade e
água.
Devemos elevar nossas vozes coletivas e
usar nosso poder coletivo para por fim a todas as formas de racismo, inclusive
o genocídio em curso do povo palestino. Exigimos que se ponha fim de imediato
ao cerco e bloqueio de Gaza. Fazemos um chamamento ao pleno boicote econômico,
cultural e acadêmico de Israel. O ‘nunca mais’ deve significar nunca mais para
ninguém”.
Antes de
finalizar, reitero minha apreciação e admiração pelo povo judaico, sua cultura multi-milenar, sua religião, que é a mesma de Jesus Cristo, dos primitivos
cristãos (nosso Mestre não pensou em criar uma nova religião). E contesto de
antemão as críticas, às vezes descabidas, que recebo toda vez que abordo
questões como o infindável e desequilibrado conflito entre o Estado de Israel e
o povo palestino, que tem direito ao seu Estado e, se não segurarem os
Netanyahus et caterva, vão terminar totalmente aniquilados. Eles não são
responsáveis pelos pogroms e outras perseguições e massacres históricos do povo
judeu, nem pelo Holocausto.
Juracy Andrade é
jornalista com formação em filosofia e teologia
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