Juracy Andrade
Neste fim de
ano, começo de outro, na nossa contagem do tempo, cabem algumas reflexões sobre
o nosso tumultuado mundo e a nossa Igreja que se aproxima um pouco mais de Deus
e de Jesus Cristo. Nosso tão pequeno mundo continua com suas guerras
infindáveis, impulsionadas principalmente pela fome de lucro da indústria
bélica. Sem guerra, não tem lucro. Daí que, a apenas cinco anos do fim da
carnificina chamada de 2ª Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos houve
por bem assumir a defesa do que considera “mundo livre” na Coreia. Nunca mais
parou. Eles e seus aliados da Europa prepararam o cenário de dezenas de
rebeliões e brigas na África, com o que chamaram de descolonização. Deram a
vários países uma independência formal, entronizando por ali geralmente o que
havia de pior em nativos que tinham aprendido toda a sacanagem do capitalismo
imperialista.
Pior: marcaram
os limites dos novos países juntando tribos tradicionalmente inimigas e
separando, em países diferentes, povos tradicionalmente unidos e aliados. Deu
no que não poderia deixar de dar: guerras cruéis e infindáveis em Uganda, na
República Democrática do Congo (Congo-Kinshasa, ex-belga) e em outros lugares.
Depois da Revolução dos Cravos em Portugal, prolongaram por vários anos a
guerra colonial em Angola e Moçambique. E os abutres da indústria bélica
morrendo de rir.
Enquanto isso, a
grande “democracia” estadunidense decidia que democracia é coisa de branco e
patrocinava golpes e ditaduras pelo mundo a fora. Da Indonésia à África. Da
Guatemala à Argentina. Eram as “ditaduras amigas”, ou “do bem”, que tanto mal
fizeram, tanta gente torturaram e mataram, tanto atrasaram nossos países.
Enquanto isso, isolavam Cuba por meio século porque os líderes cubanos
derrubaram um ditador amigo de Tio Sam e fizeram uma revolução de vera; com
seus defeitos, sem dúvida, mas uma revolução e não uma quartelada. Que mundo
livre é esse? Milhões de crianças mortas de fome e falta de assistência médica.
Uma paz impossível porque quem manda, no regime capitalista, é a indústria da
guerra, a da fome, a da ignorância.
A Igreja de
Cristo e outras religiões deram passos para frente e para trás. O papa
Francisco continua mostrando que também as cúpulas podem se converter, e
líderes da Igreja Ortodoxa deram sinais de apreciar o caminho da união, que
Jesus Cristo pediu com emoção na véspera de sua morte. No mundo islâmico,
também há líderes dispostos à convivência com outros pensamentos, apesar de ser
ali que surgem os mais cruéis fundamentalismos, tipo Califado e Boko Haram.
Enquanto a Cúria
Romana e as máfias não conseguem liquidá-lo, o papa caminha com a rapidez
possível no caminho da recristianização da Igreja. Mais esperto que o breve João
Paulo 1º, Francisco não quis morar no assim dito Palácio Apostólico (já
pensaram um apóstolo de Cristo morando num palácio?), cheio de corredores
suspeitos e passagens secretas. Aboletou-se, junto com comuns mortais, na Casa
Santa Marta, um hotel para religiosos, e dali comanda e inspira a atualização e
volta às origens (parece contraditório, mas não é) daquilo que Cristo chamou de
comunidade, assembleia (ekklesía em grego) e não pretendeu desgarrar da
religião hebraica do Antigo Testamento. O antijudaísmo é um fenômeno
greco-romano. Após Constantino, os papas nele embarcaram e, somente após o
Concílio dos anos 1960, lentamente vêm desembarcando. E ainda dizem que são
infalíveis. Pode?!
Um excelente
2015 para minhas leitoras e leitores. Que a estrela dos Reis Magos nos conduza
a Belém, onde Jesus veio ao mundo através de Maria, Nossa Senhora, lugar infelizmente
hoje sob o tacão de judeus sionistas, certamente desgarrados de seus profetas.
Juracy Andrade é
jornalista com formação em filosofia e teologia
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