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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

INDÚSTRIA BÉLICA NÃO LUCRA SE HOUVER PAZ. E HAJA GUERRA!



Juracy Andrade


Neste fim de ano, começo de outro, na nossa contagem do tempo, cabem algumas reflexões sobre o nosso tumultuado mundo e a nossa Igreja que se aproxima um pouco mais de Deus e de Jesus Cristo. Nosso tão pequeno mundo continua com suas guerras infindáveis, impulsionadas principalmente pela fome de lucro da indústria bélica. Sem guerra, não tem lucro. Daí que, a apenas cinco anos do fim da carnificina chamada de 2ª Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos houve por bem assumir a defesa do que considera “mundo livre” na Coreia. Nunca mais parou. Eles e seus aliados da Europa prepararam o cenário de dezenas de rebeliões e brigas na África, com o que chamaram de descolonização. Deram a vários países uma independência formal, entronizando por ali geralmente o que havia de pior em nativos que tinham aprendido toda a sacanagem do capitalismo imperialista.

Pior: marcaram os limites dos novos países juntando tribos tradicionalmente inimigas e separando, em países diferentes, povos tradicionalmente unidos e aliados. Deu no que não poderia deixar de dar: guerras cruéis e infindáveis em Uganda, na República Democrática do Congo (Congo-Kinshasa, ex-belga) e em outros lugares. Depois da Revolução dos Cravos em Portugal, prolongaram por vários anos a guerra colonial em Angola e Moçambique. E os abutres da indústria bélica morrendo de rir.

Enquanto isso, a grande “democracia” estadunidense decidia que democracia é coisa de branco e patrocinava golpes e ditaduras pelo mundo a fora. Da Indonésia à África. Da Guatemala à Argentina. Eram as “ditaduras amigas”, ou “do bem”, que tanto mal fizeram, tanta gente torturaram e mataram, tanto atrasaram nossos países. Enquanto isso, isolavam Cuba por meio século porque os líderes cubanos derrubaram um ditador amigo de Tio Sam e fizeram uma revolução de vera; com seus defeitos, sem dúvida, mas uma revolução e não uma quartelada. Que mundo livre é esse? Milhões de crianças mortas de fome e falta de assistência médica. Uma paz impossível porque quem manda, no regime capitalista, é a indústria da guerra, a da fome, a da ignorância.

A Igreja de Cristo e outras religiões deram passos para frente e para trás. O papa Francisco continua mostrando que também as cúpulas podem se converter, e líderes da Igreja Ortodoxa deram sinais de apreciar o caminho da união, que Jesus Cristo pediu com emoção na véspera de sua morte. No mundo islâmico, também há líderes dispostos à convivência com outros pensamentos, apesar de ser ali que surgem os mais cruéis fundamentalismos, tipo Califado e Boko Haram.

Enquanto a Cúria Romana e as máfias não conseguem liquidá-lo, o papa caminha com a rapidez possível no caminho da recristianização da Igreja. Mais esperto que o breve João Paulo 1º, Francisco não quis morar no assim dito Palácio Apostólico (já pensaram um apóstolo de Cristo morando num palácio?), cheio de corredores suspeitos e passagens secretas. Aboletou-se, junto com comuns mortais, na Casa Santa Marta, um hotel para religiosos, e dali comanda e inspira a atualização e volta às origens (parece contraditório, mas não é) daquilo que Cristo chamou de comunidade, assembleia (ekklesía em grego) e não pretendeu desgarrar da religião hebraica do Antigo Testamento. O antijudaísmo é um fenômeno greco-romano. Após Constantino, os papas nele embarcaram e, somente após o Concílio dos anos 1960, lentamente vêm desembarcando. E ainda dizem que são infalíveis. Pode?!

Um excelente 2015 para minhas leitoras e leitores. Que a estrela dos Reis Magos nos conduza a Belém, onde Jesus veio ao mundo através de Maria, Nossa Senhora, lugar infelizmente hoje sob o tacão de judeus sionistas, certamente desgarrados de seus profetas.


Juracy Andrade é jornalista com formação em filosofia e teologia

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