Por
Marcelo Barros
Nessa sexta feira, 16 de janeiro, a ONU comemora o dia
internacional contra a escravidão infantil. Essa é uma tragédia que continua a
acontecer diariamente nas mais diversas regiões do planeta. Os governos
prometem eliminar esse crime. O governo brasileiro mobiliza ministérios e
secretarias para impedir o trabalho infantil e a opressão sobre crianças. No
entanto, falta um empenho mais profundo de toda sociedade. Infelizmente, isso é
parte de um problema mais amplo: o fato de vivermos em um mundo no qual ainda
se pratica a escravidão. Milhões de seres humanos são vítimas dessa iniquidade.
Não adianta combater as folhas de uma planta daninha se não se ataca a raiz do
mal.
Para preparar o ano 2000, a ONU reuniu os chefes de
Estado para analisar os problemas mais graves do mundo e elencar aqueles que os
governos aceitassem se comprometer em enfrentar. Como resultado da reunião, a
ONU convocou toda a humanidade a colocar em prática o que chamou de “os oito objetivos
do milênio”. Eram oito metas que as 190 nações representadas na ONU se comprometiam
a alcançar o quanto antes possível. No Brasil, as ONGs denominaram esses
objetivos como “oito jeitos de mudar o mundo”. Dessas metas, a primeira era
muito clara: “acabar com a fome e a miséria”. A ONU prometia que até o início
do ano 2015, teria reduzido pela metade o número de pobres no mundo e diminuído
a pobreza. As outras metas eram quase todas explicitações e modos de realizar a
primeira. Assim a ONU se comprometia a vencer epidemias como a Aids, a malária
e outras enfermidades. Prometia garantir educação básica de qualidade para
todos, assegurar igualdade entre os sexos com a necessária valorização da
mulher e assim por diante.
Agora, começamos o esperado ano de 2015 e os dados da
realidade são trágicos. A desigualdade social, causa principal da pobreza no
mundo, não diminuiu, como a ONU havia prometido. Não porque os governos não
tivessem meios para isso. Cálculos sérios de diversos cientistas sociais
revelaram: se as grandes potências, mesmo que fossem somente elas, reservassem dez
por cento do que gastam anualmente com armamentos e com a indústria da guerra, para
o combate à pobreza, essa poderia ser, em sua maior parte, eliminada. Entretanto
o que aconteceu em diversos continentes foi que, desde 2000, a pobreza
aumentou, as migrações cresceram, as novas guerras criaram mais deslocamentos, catástrofes
ambientais forçaram pessoas a migrar e vários países sofrem formas novas de
colonialismo e opressão. Segundo a ONU, o único continente em que houve
diminuição da pobreza, embora não pela metade, foi na América Latina. Conforme
os dados de organizações internacionais insuspeitas como a FAO, a UNICEF e
outras, na América Latina, a desigualdade social continua grave, mas a maioria
dos países latino-americanos avançou em termos de superação da pobreza extrema.
E os organismos internacionais provam que, o país que mais conseguiu superar a
desigualdade social foi a Venezuela. E ela fez isso através do processo
bolivariano, tão mal falado pela imprensa dependente do império norte-americano.
Até um ministro do STF se pronunciou temendo que o Brasil se torne, um dia,
bolivariano. Provavelmente, pessoas como ele têm razão de temer porque
perderiam certos privilégios e seriam investigados por algumas relações
políticas duvidosas.
Desde o ano passado, a ONU iniciou uma ampla discussão
para estabelecer os novos objetivos do desenvolvimento sustentável. Dessa vez,
serão 17 metas que vão desde a universalização do saneamento básico até uma
drástica redução das taxas de homicídios. Conforme Jorge Chediek, coordenador
da ONU no Brasil e representante do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud), “um desafio imenso para o Brasil, onde metade da
população não tem acesso à rede de esgoto e mais de 50 mil cidadãos são
assassinados a cada ano” (Carta Capital, 31/ 12/ 2014, p. 25).
Sem dúvida, para o mundo todo, o desafio maior será conseguir que os governos
pensem o futuro com um novo olhar. Há uma forma de desenvolvimento que até aqui
propõe cuidar do crescimento econômico de forma a prejudicar o menos possível a
natureza. Esse caminho já se revelou insuficiente e ineficaz. É urgente
priorizar a sustentabilidade que não somente respeite a Terra, as águas, o ar e
a integridade da natureza como pense o caminho da sociedade a partir desse
paradigma eco-social.
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