Por Eduardo Hoornaert
O partido do primeiro ministro de
Israel, Bejamin Netanyahu, acaba de ganhar as eleições domingo passado, 15 de
março. Ao que tudo indica, a interminável guerra entre Israel e Palestina vai
continuar. É de se desesperar. A humanidade parece não gostar de encontrar a
solução para seus problemas. Como dizia Churchill, sempre escolhe o caminho
errado. Será que é inócuo lembrar aqui um princípio básico do movimento de
Jesus, formulado por Paulo de Tarso?
Nos anos 50, uns 20 anos depois
da morte de Jesus, o apóstolo Paulo escreveu a seguinte frase: ‘Não há judeu
nem grego, não há escravo nem homem livre, não há macho nem fêmea, pois vocês
todos são um em Jesus Cristo’ (Gl 3, 28). Traduzido: ‘Não há israelense nem
palestino’. Pode? Paulo, por favor, me explica: onde está minha identidade? Eu
não sou brasileiro, belga, alemão, israelense, palestino? Não levo comigo uma
carteira de identidade? Paulo responde: não, você não é antes de tudo
brasileiro, etc. Você é gente.
Aqui o problema reside no fato
que as pessoas costumam confundir identidade e nacionalidade e esquecem como
isso é perigoso. Potencialmente, eu me torno conivente com crimes cometidos por
minha nação se não tomar distância diante da ideia de nacionalidade confundida
com identidade. Identidade nacional pode ser mortífera. É uma falta de clareza
que nos pode atingir a cada momento. No momento em que um israelense se
identifica como israelense e não toma distância diante do projeto colonizador
de sua nação (colonizar o território de Gaza, construir casas no território da
Palestina etc.), ele colabora implicitamente com a morte das vítimas desse
projeto nacional. Infelizmente, o eleitor israelense de domingo 15 de março
confirma a ideia que é preciso matar, oprimir, etc. para ser ‘israelense’.
Assim a ideia nacional (nem falo aqui de ‘nacionalismo’) pode provocar as
maiores desastres, como verificamos na última Guerra Mundial. Penso inclusive
que um dos pontos mais fracos da atual Organização das Nações Unidas (ONU)
consiste exatamente no fato de ser baseada na ideia de nação e não na ideia do
universalismo humano, defendida por São Paulo na carta aos Gálatas, que estamos
aqui comentando.
Verifico mais uma vez que o
cristianismo tem algo a dizer sobre os problemas urgentes que a humanidade
enfrenta. Infelizmente, os próprios cristãos nem sempre conhecem nem avaliam o
peso atual da frase do apóstolo Paulo:
Não há judeu nem grego,
não há escravo nem homem livre,
não há macho nem fêmea,
vocês todos são um em Jesus
Cristo (Gl 3, 28).
Não há israelense nem palestino,
há gente.
Fonte: http://www.eduardohoornaert.blogspot.com.br/
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