por Frei Betto
O programa Mais Médicos conta, hoje, com 18.247 profissionais atuando em mais
de 4 mil municípios do país. Neste ano, o número de brasileiros(as) a serem
atendidos chegará a 63 milhões.
O atendimento dos médicos inscritos no programa chega a ser personalizado,
segundo a metodologia do sistema Médico da Família, que permite ao profissional
cuidar, não tanto da doença, e sim da prevenção. A saúde é um direito e a sua
progressiva mercantilização põe em risco a vida de inúmeras pessoas que não podem
pagar pelo tratamento.
Pesquisa da UFMG-Ipespe constatou que 95% dos beneficiários entrevistados estão
satisfeitos com a atuação dos médicos, dos quais 84% estão no Norte e Nordeste.
Naquelas regiões, 86% dos municípios têm ao menos 20% de sua população em
situação de extrema pobreza.
Vale observar que, nas vagas disponibilizadas pelo programa, a prioridade cabe
a médicos brasileiros. Como os que se inscreveram no Mais Médicos são
insuficientes para atender a população, o governo destinou as demais vagas a
brasileiros graduados no exterior e, em seguida, a médicos estrangeiros. Há
profissionais de 50 nacionalidades atuando no Brasil.
Os cubanos são cerca de 14 mil, presentes em 2.700 municípios. Em geral, os
mais pobres e mais distantes dos grandes centros urbanos.
Os médicos cubanos trazem a experiência de solidariedade e cooperação
internacionais, já que Cuba presta serviços médicos, hoje, em 67 países. Até o
governo dos EUA elogiou a atuação dos profissionais da ilha socialista no
combate à epidemia de ebola na África.
Não são apenas médicos que o Brasil importa de Cuba. Além de medicamento para a
hepatite B, desde o governo Collor nosso país compra a vacina de combate à
meningite, única no mundo.
O projeto ora apresentado no Senado contra o Mais Médicos é um acinte a tantos
brasileiros que, pela primeira vez, recebem atendimento domiciliar de saúde. O
direito à saúde está acima de ideologias. Partidarizar um programa que traz
benefícios a quase 1/3 da população brasileira é um crime de lesa-pátria.
O programa, que este ano chegará a mais de 72% dos municípios do país, atende
prefeituras de todos os partidos, inclusive 66% (452 cidades) das que são
administradas pelo PSDB.
Cuba conta com 6,9 médicos por 1.000 habitantes, um dos maiores índices do
mundo. O Brasil, com 2/1.000; e os EUA, 3,2/1.000. Com a reaproximação
EUA-Cuba, milhões de estadunidenses estão de olho no chamado “turismo médico”,
ou seja, a possibilidade de se tratarem em Cuba, já que nos EUA o acesso ao
sistema médico-hospitalar é caro e difícil para quem não dispõe de recursos.
O convênio do Brasil com Cuba é monitorado pela OPAS (Organização Panamericana
de Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) para as Américas. A OPAS
tem 110 anos de serviços prestados. E longa tradição de seriedade e qualidade.
Frei Betto é escritor,
autor de “Reinventar a vida” (Vozes), entre outros livros.
http://www.freibetto.org/>
twitter:@freibetto.
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