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segunda-feira, 11 de maio de 2015

SOBRE MÃES E PARABÉNS


 por Maria Clara Bingemer, professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio
                           


         Chega o dia das mães e sempre gostamos de homenagear seja a nossa mãe, ou as mães da família ou mães amigas.  Também já escrevi muito sobre mães distantes que passavam situações difíceis ou exemplos de mães que assumiram atitudes corajosas perto ou longe de nós. 

         Minha mãe já se foi e convive comigo desde outra dimensão.  Minhas filhas e minha nora são mães amorosas de lindos filhos, e delas sou devota e admiradora. Hoje, aqui e agora, neste dia das mães, quero homenagear uma mãe pela qual tenho muito carinho.  É filha de grandes amigos. Eu a vi pequenininha e de certa maneira acompanhei seu crescimento, sendo meu marido padrinho de sua irmã e minha filha mais velha amiga de seu irmão.

         Nana – este é seu apelido carinhoso com o qual é chamada em família – cresceu e eu a encontrei já grande.  Jamais foi uma menina comum.  Sempre as grandes causas da humanidade, a justiça e a paz, a pobreza e os direitos humanos, encheram sua mente privilegiada de inúmeras questões inspirando muitas de suas decisões na vida. 

 Encontrei-a após uma ida ao Haiti, onde trabalhou durante um tempo.  Lá conheceu um rapaz que começou a namorar.  Depois via-a no aeroporto; ia ao encontro dele para viajarem juntos pela América Central. Linda, sorridente, era visível    que estava amando.  E eu lhe disse: você vai casar com ele, Nana.  Ela perguntou: Você acha, tia?  A tia achou que sim e acertou.

           Nana teve sua primeira filha, uma menina linda e esperta.  E escreveu um belo livro a partir de sua experiência de convivência com sua bebê. Aliás, essa é outra veia que nela sempre esteve presente: a escrita. Nana é uma grande artesã da palavra, elaboradora de textos e esse é o trabalho ao qual se dedica profissionalmente.

           Após o nascimento da primeira filha, e do filho de papel, ficamos sem notícias durante algum tempo da vida e milagres de Nana.  Tudo ia bem. Quando não há notícias, são boas notícias, diz o dito popular. Até que há pouco tempo soubemos que estava novamente grávida.

A segunda menina, Carolina, nasceu.  E quando já planejávamos visitar Nana, recebemos uma lindíssima carta dela e do marido narrando o nascimento da filha e as circunstâncias especiais que o configuravam.

Tudo parecia correr normalmente até que a pediatra disse a Nana e ao marido que eram necessários exames porque Carolina apresentava talvez uma síndrome ainda não identificada.  Foram dias de angústia e pesadelo até que o geneticista disse aos pais o diagnóstico: Carolina tinha síndrome de Down.

Em sua corajosa narrativa e em sua mensagem aos amigos, Nana nem por um minuto camufla o choque do primeiro momento.  E quem não o sentiria?  Mas esse choque já vem narrado, envolvido pelo amor incondicional sentido pelos pais da linda Carolina e pela firmeza e decisão de amá-la de todo coração.

Como diz belamente Nana em seu texto: “Carolina é Minha Filha antes de ter isso ou aquilo.  O primeiro é ser filha, amada, querida e o que ela é ou tem vem junto com esse ser filha que é o primeiro que importa e na verdade o único que realmente tem peso verdadeiro.”

Ao lado do marido que a apoia incondicionalmente e divide com ela o amor apaixonado pela bebezinha, Nana lutou logo de início contra o preconceito e a falta de sensibilidade das pessoas que não conseguem mudar suas atitudes mentais e dela se aproximavam com palavras infelizes e consolos tortos.

Nana não queria consolo e sim parabéns. E deixou isso bem claro na mensagem que escreveu aos amigos e parentes.   Carolina é sua filha amada, um ser humano belo e maravilhoso, que vai levar uma vida cheia de amor nessa família onde nasceu, e que a acolheu e acolhe cada dia de braços abertos.

Passado um ano, Carolina a faz a mãe mais feliz do mundo. Segundo ela mesma diz, com ela aprendeu que “não temos controle nenhum nesta vida. Nossa missão me parece ser a de aprender a amar.” Sim, Nana, eternos aprendizes do amor somos nós.  Mas devo dizer que pessoas como você, seu marido e Carolina ajudam muito nesta aprendizagem que não tem fim.

Por isso, neste dia das mães, parabéns, parabéns e parabéns.  Pela Carolina e por você e sua família. Por tudo que você é e ensina com seu jeito de ser mãe.  Mãe da Carolina e da irmã dela.  Você só merece parabéns e nada mais.

A foto de vocês quatro, Carolina no colo do pai, com um sorriso encantador e a mãozinha esquerda levantada parece dizer:  “Oi gente, estou aqui.  E estou adorando viver! ”  Parabéns, querida e que você passe um belíssimo Dia das Mães.  E que possa nos ensinar a amar.  Sem dúvida, essa é a missão de Carolina, que você transmite muito bem a todos nós. 

 A teóloga é autora de “O  mistério e o mundo –  Paixão por  Deus em tempo de descrença”, Editora  Rocco. 

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