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sábado, 4 de setembro de 2021

Eucaliptos, Jequitibás, Galinhas, Águias, Gaiolas e Asas

Prof. Martinho Condini


 

Estamos passando pelo momento mais sombrio da nossa história pós a redemocratização.

 Hoje, vivemos sobre as rédias de um governo genocida, negacionista, armamentista, miliciano, sexista, homofóbico e anti democrático, que nos atormenta com  bravatas e as ameaças de um inconsequente, desequilibrado e psicopata presidente.

Não bastasse tudo isso, ainda nos deparamos com relações autoritárias, retrógradas e antiquadas por parte de gestores, gestoras, professoras e professores, em instituições educacionais públicas e privadas em todos os níveis de aprendizagem.

Sabemos que o descaso com a educação em nosso país é histórico e estrutural, principalmente para as camadas populares da nossa sociedade.  E como  afirmou o antropólogo Darcy Ribeiro, “A crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto”.

Foram esporádicos os momentos da nossa história que tivemos projetos educacionais pensados e executados para as camadas populares.

 Podemos destacar O Movimento de Educação Básica (MEB), o Plano Nacional de Albabetização (PNA), na década de 1950 e início da década de 1960 (abortados pela ditadura militar) e nas duas primeiras décadas do século XXI, tivemos a expansão de institutos federais a nível médio e superior, além de políticas educacionais para ingresso de jovens das camadas populares a universidade (o atual governo abandonou essa política educacional). 

É preciso que políticas educacionais de Estado sejam efetivadas para erradicar  o analfabetismo e consolidar uma educação de qualidade e democrática onde todas e todos tenham acesso.

É muito importante também que as  instituições educacionais pratiquem uma educação e uma pedagogia libertadora e não uma educação e uma pedagogia bancária.

Para que isso ocorra é necessário que à frente desse processo de ensinagem e aprendizagem estejam  professoras e professores com postura crítica diante da realidade. Isso é fundamental para a consolidação de uma  educação libertadora, isto é, uma educação que emancipa, que possibilite  alunas e  alunos aprenderem aquilo que considerem apropriado e importante para a sua vida, afim tornarem-se  protagonistas das suas histórias.

A educação que não é libertadora e inclusiva apenas favorece a manutenção dos valores sociais determinados e impostos pelas classes dominantes.

A escola não é um organismo separado da realidade a qual professoras, professores, alunas e alunos estão inseridos. A escola é um orgão vivo onde o “grande barato” é a relação, a troca de saberes, onde ensinagem e aprendizagem andam de mãos dadas amparadas pela dialogicidade, a reflexão e a ação.

Como afirmou Paulo Freire, “A pedagogia que me toca é a pedagogia que escuta, provoca e vive a difícil experiência da liberdade, reconhecendo que também uma distorção do  autoritarismo. Minha opção é por uma pedagogia livre para a liberdade, brigando contra a concepção autoritária de Estado, de sociedade”.

O compromisso da educação é de formar educadores jequitibás, e não eucaliptos”, educandos “águias, e não galinhas” e criar instituições de ensino asas, e não gaiolas”.

Professoras e professores devem estar embuídos em transformar a educação em conscientização e libertação, como o fez o patrono da educação brasileira  Paulo Freire.

A escola deve ser um local de produção de conhecimento e não de repetição de informação (na maioria das vezes desinteresante e inútil para os estudantes).

Enfim, estou convencido que é por meio de uma educação libertadora e de uma pedagogia da libetação que nossas alunas e alunos  sairão da condição de oprimidas e oprimidos para a condição de ‘ser mais’.

Isto é, possibilitar que nossas alunas e alunos se tornem cidadãs e cidadãos plenos, sabedores de seus deveres e direitos, além de terem  garantido o seu lugar de fala e o  respeito da  sociedade.  

 

2 comentários:

  1. Tenhamos esperança de dias melhores para nosso país, voltando os olhos, como ensina o texto, para o patrono de nossa educação: Paulo Freire.

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