O Jornal On Line O PORTA-VOZ surgiu para ser o espaço onde qualquer pessoa possa publicar seu texto, independentemente de ser escritor, jornalista ou poeta profissional. É o espaço dos famosos e dos anônimos. É o espaço de quem tem alguma coisa a dizer.

sábado, 18 de setembro de 2021

Um tal 11 de setembro de 1973

                                                                   Prof. Martinho Condini


 

         No último sábado, 11 de setembro de 2021, eu não ouvi e nem vi nenhuma emissora de TV ou rádio fazer menção aos quarenta e oito anos de um fato histórico ocorrido em terras chilenas, que os levaram a um dos períodos mais sombrios de sua história.

         Me refiro ao assassinato do presidente Salvador Allende e a instauração e uma ditadura militar.

         Após a Revolução Cubana de 1959, considero a chegada de Allende ao poder no Chile o mais importante acontecimento histórico latino americano do século XX.

         Allende em 1970 foi eleito por uma coligação de esquerda, a Unidade Popular, tornado-se o primeiro presidente socialista marxista a chegar ao poder democraticamente em um país da América Latina.

         Allende assume o governo com o propósito de socializar a economia chilena, com um projeto baseado na reforma agrária e a nacionalização das indústrias de mineração de cobre. A sua política foi denominada “via chilena para o socialismo”.

         As empresas americanas Anaconda e Kennecott não receberam um único peso a partir da nacionalização, pelo fato delas terem tido lucros bilionários nas últimas décadas no Chile sem contribuir com os cofres chilenos.

         Essas ações do governo de Allende levaram o governo imperialista estadunidense a promover um boicote econômico ao governo de Allende. Ao longo dos meses esse boicote provoca uma instabilidade econômica no governo Allende.

         Uma crise econômica se estabelece a partir de 1972, orquestrada pela direitista elite chilena respaldada pelo imperialismo estadunidense.  

         Ocorre o golpe militar, Salvador Allende é assassinado no Palácio de La Moneda (familiares de Allende afirmam que ele se suicidou) por soldados da força militar chilena liderados pelo General Augusto Pinochet, comandante em chefe do Exército chileno.

         Dois anos após o golpe militar o governo chileno pagou uma indenização de 250 milhões de dólares à empresa Anaconda, propriedade das famílias Rockefeller e Rothschild.

         Entre 1974 e 1990, a ditadura de Pinochet, suprimiu os partidos políticos, realizou uma avassaladora perseguição aos opositores ao regime, sem precedentes na história de Chile. Ao todo, foram 3.225 mil mortos, milhares de cidadãos e cidadãs torturados e 200 mil chilenos exilados. Além do estrago cultural, educacional e social provocado pelos anos de censura e repressão.

         Enfim, o que me indigna é a atitude dos meios de comunicação em nosso país (me desculpa se algum órgão de imprensa o fez) na semana passada, não relembrarem o “fim de um sonho” e o “início de um pesadelo” de quase duas décadas do povo chileno.

          Estou convencido que está atitude nos mostra o quanto ainda os nossos meios de comunicação estão nas mãos de uma elite empresarial conservadora e de direita.          Talvez por isso só tenham relembrado o 11 de setembro de 2001.

         O 11 de setembro de 1973, este sim, foi uma tragédia.

  O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com   

 

Um comentário:

  1. De fato, Martinho. Os grandes da comunicação no Brasil fazem parte da elite antipovo. Viva Allende! Viva o socialismo! Vi a a América Latina livre!

    ResponderExcluir