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terça-feira, 28 de maio de 2013

CINEMANIA: The Best Exotic Marigold Hotel (2011) O Exótico Hotel Marigold



 Por ROSSANA MENEZES

Diretor:  John Madden
Roteirista:  Ol Parker (screenplay), Deborah Moggach (novel)
Elenco:  Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy 

Eu acho que já falei aqui que eu vejo todo tipo de filme. Comédia, drama, terror, suspense, policial, aventura, guerra... qualquer gênero. Sou fã de bons filmes e todo gênero tem os seus bons e maus exemplos. Gosto dos blockbusters americanos, mas também curto um bom filme europeu, chinês, iraniano. 
     O exótico hotel Marigold é uma produção dos EUA, Reino Unido e Emirados Árabes (?). Com um elenco brintânico e indiano o filme narra a história de 7 aposentados do Reino Unido que resolvem, por diferentes razões, ir à Índia. Eles ficariam hospedados no Marigold. Um excelente Hotel voltado para a terceira idade. Chegando lá eles descobrem que a história é outra. 

     O filme não é hilário, mas dei boas risadas. O elenco é de primeira e a direção extremamente cuidadosa. Se bem que com um elenco desses, o diretor é quase dispensável. A fotografia do filme é belíssima. Mostra uma Índia caótica, mas extremamente alegre, colorida, dinâmica. 

     Essa é uma daquelas histórias sobre gente. Sobre experiências sociais e antropológicas. Fala de preconceito, do pior tipo. Fala de adaptação, luto, aceitação. Sobre aceitar não só as diferenças, mas se aceitar. As limitações da idade. Fala de amor, dos mais variados tipos. Do amor impossível, no melhor estilo Romeu e Julieta, do amor diferente, não-covencional, pelo menos para a maioria. É um filme leve e ainda assim recheado de reflexões.


     Engraçado que me identifiquei muito com o filme. Não por causa da questão da idade. Calma, ainda não cheguei lá. Mas sim por causa das diferenças. É muito interessante morar no Brasil e achar que somos um povo misturado. Que existe diversidade cultural, que não existe segregação. Tudo isso é balela. Brasileiro é preconceituoso até dizer basta. Ao chegar em Toronto eu vi o que era diversidade cultural de verdade. Não é apenas o branco, o negro e o índio e suas misturas. É O canadense, o indiano, o brasileiro, o grego, o italiano, alemão, francês, holandês, árabe, grego... é o ateu, o católico, o budista, o muçulmano, o baha'i. É o branco, o muito branco, o branco pra cacete, o negro, o marrom, o preto (aprendi que existe diferença entre negro e preto essa semana), o nativo... é uma mistura de cores e crenças e costumes e linguas e sotaques. É ir a um restaurante etíope e comer com a mão, por que na cultura deles não se usa talher. Não por que eles são selvagens, mas por que eles acreditam que você deve ter uma relação mais próxima com o que come. 

     É você andar na rua e ver gente de sari, de burka, de véu, de turbante, de cabelo rosa. É entrar no metrô e não entender uma única palavra do que se fala, mesmo sendo fluente na língua oficial do seu país. É aceitação. É adaptação. E o filme mostra isso. O filme mostra o preconceito com o diferente, a descrença na capacidade do outro, a crença deturpada na inferioridade de outros seres humanos. 

     Fora tudo isso o filme serviu pra mim como uma prova de que eu, como diríamos na linguagem nerd, "subi de nível". Quando cheguei ao Canadá eu entendia muito bem os canadenses, mas tinha dificuldades de entender outros sotaques. Assim como tenho certeza que algumas pessoas tinham dificuldade em me entender. Hoje eu vejo que não tenho mais esse problema.
Enfim, está super recomendado. 
Rossana Menezes é jornalista, fotógrafa e designer gráfica.

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