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terça-feira, 14 de maio de 2013

Lendo a vida, mudando o destino



Por Roberta Barros

Em meados de 2000, cinco adolescentes de um bairro da periferia do Recife, participaram de um encontro sobre os Sonhos do novo milênio na Europa.
Durante quinze dias eles conheceram o cotidiano e a realidade de jovens e adolescentes Europeus precisamente a realidade da Suíça.
     Ao regressarem ainda no Boeing, que nos trazia de volta, a  meninada  tagarelava incessantemente, sobre o  que tinham visto, vivido e observado, nas  terras do além mar.
 Perguntamos especialmente a uma das menores meninas,  sobre suas impressões acerca do velho mundo, e ela respondeu na ponta da língua: “Notei que em todas as  casa existiam uma biblioteca, seja pequena ou grandona, mas tinham”.
Naquela época,  aquela criança tinha perdido recentemente o pai  para o tráfico de drogas.

     Hoje, treze anos depois, a mesma  menina  tornou-se   arte-educadora, e planeja junto à organização não governamental, que lhe convidou a realizar tal viagem, e que em 2013, completará trinta anos, a implantar trinta bibliotecas domiciliares em sua comunidade e em bairros vizinhos, todos com grandes índices de violência.

     Fruto de um sonho de criança que se torna realidade, pois uma das  primeiras  bibliotecas  será implantada em sua própria casa, sua filha com quatro anos já participa das ações do recente projeto.

     Os livros todos recebidos via doação, espalhará luzes e saberes, por ladeiras e escadarias dos córregos e morros, da sofrida comunidade, mostrando ser possível trocar os caminhos e acessos, antes feitos pelas drogas e violência, por o mundo da leitura, da cultura e do sonhar.

     A jovem  que viajou em 2000, e a organização não governamental que desenvolve o projeto, acreditam que esta pequena experiência, começa com um grande objetivo, que é  levar a estas crianças e adolescentes a possibilidade de, a  partir  de sonhos infantis, mudarem uma cruel realidade, onde a luta incessante para sobreviver à miséria, ao tráfico e a violência lhes transformam em heróis anônimos,  que vivem duelando diariamente  na luta do bem contra o mal. 

     Mesmo tímida e sem os grandes exemplares e mobiliários, como é comum  na fria, bela,  e desenvolvida Suíça, as pequenas bibliotecas vão surgindo,  e, como também diz a música:  “No Lixo também nascem flores.” 

Roberta Barros é pedagoga e fundadora da CAMM

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